Quando vemos marcas lançando um anúncio ou campanha com forte apelo emocional ou de cunho social, logo ligamos o alerta de que aquilo é coisa para Cannes. Ai não falo apenas do lado positivo, mas também da extrema necessidade das agências de querer aparecer e ganhar prêmios para preencher o ego publicitário. O resultado já sabemos, aquela coisa forçada, piegas, que puxa demais pelo emocional, mas que racionalmente não é nada legal.
Porém, não só de “gambiarras” vive a publicidade. Nos voltando para o campo das Organizações não Governamentais (ONGs, no popular), a coisa fica mais crível e respeitável. Porque aqui já não há preocupações em ganhar prêmios ou aquele fee para o diretor de criação sorrir (há controvérsias, eu sei, mas vamos deixar isso para depois).
A Ação invertida
Nessa onda, a Cruz Vermelha do Japão filmou uma ação intitulada “Você pode fazer a coisa certa?” que, passando pelo experimento social, inverteu a lógica de uma forma bem criativa, simples e… fofa, muito fofa (você vai entender isso quando ver o vídeo).
A subversão da iniciativa foi colocar em cima das crianças o poder de “dar uma lição” nos adultos, ao invés do contrário, que é o mais trivial de se ver por aí em outras campanhas e ações. O foco central então foi a honestidade representada pela pureza do gesto de uma criança, deixando implícito que isso deve começar bem cedo.
O que vocês verão abaixo é um ator adulto simulando deixar cair uma carteira no chão para ver a reação dos pequenos. E o resultado é incrível e criativamente falando genial. Confira agora e depois fique comigo para entender porque, apesar de simples, essa campanha é fabulosa.
Analisando a campanha
A começar pelo roteiro do filme, passando depois pela música e ambientação tudo foi bem pensado. As reações acredito terem sido naturais, claro, mas o como os atores interagem com a criança é sensacional. Eles são praticamente a escada para que a iniciativa dos pequenos brilhem. Afinal, a honestidade é o foco aqui.
A pureza das crianças então passa a criar até u certo constrangimento no espectador, que mesmo prevendo ser aquele adulto que deixou cair a carteira um ator, mas fica ali na expectativa. Depois tudo se desenrola com sutileza nos detalhes e humildade no agir.
Por outro lado, como nem tudo são flores, pode não ter ficado ali muito óbvio o propósito de tudo. Não estou falando do tema honestidade em si, porque isso fica mais do que evidente, mas do objetivo da Cruz Vermelha como marca em sua comunicação com o público.
Acredito que, como você sabe, o fato de a logomarca da organização só aparecer no final, faz parte da propaganda do segmento e do tipo de ação: o experimento social. Mas o todo deve estar explícito, pois uma vez viralizada ou exibida, essa mensagem tem que ser captada mais facilmente, senão fica apenas o fazer pelo fazer.
Contudo, essas são questões talvez muito específicas para os futuros profissionais ou pessoas atuantes da área como eu e você. Mas apesar disso, acredito que esse pequeno fator não tenha alterado em nada o brilhantismo da comunicação e a riqueza do gesto. Parabéns aos criativos envolvidos.
E como tudo aqui no blog, essa foi apenas minha humilde opinião. Agora eu quero saber de você, o que achou? Estou louco para que você me conte aí na caixa de comentário embaixo desse post.