Cinema e Séries Com Amor, Simon | diversidade afetiva em pauta

Com Amor, Simon | diversidade afetiva em pauta

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

O cinema frequentemente elucida o momento vivido pela sociedade que lhe acompanha. Há tempos atrás, narrar uma história romântica entre um casal homossexual era um tabu (alguém lembra de O Segredo de Brokeback Mountain?) que muito vagarosamente vem sendo modificado dentro e fora das telas. A trama juvenil da vez em nada destoa dos filmes que caem no gosto dos adolescentes, mas, dessa vez, traz um menino de 17 anos que se apaixona por um amigo virtual e não sabe como assumir para os amigos e família sua orientação sexual.

Simon Spie (Nick Robinson, de Jurassic World e A Quinta Onda) vive uma vida comum inerente à classe média norte-americana. Dirige até a escola, tem um grupo de amigos, passa muito tempo navegando na internet, se diverte em festas de Halloween e espera a conclusão do ensino médio e o tão fadado baile de formatura. Sua família amorosa está sempre agasalhada pelo bom humor e pela união dos pais Emily (Jennifer Garner) e Jack (Josh Duhamell) e pela fofura da irmã mais nova, Nora (Talitha Eliana Bateman). Simon sabe que é gay desde os 13 anos, mas, até o momento não achou o momento ideal para informar esse fato aos que lhe rodeiam.

O diretor Greg Berlanti buscou no livro Simon Vs. a Agenda Homo Sapiens, da autora Becky Albertally a história que aqui se comenta. Os roteiristas Elizabeth Berger e Isaac Aptaker conseguiram manter a essência do personagem principal como um garoto que não vê problemas com sua sexualidade, mas acha enfadonho ter de se explicar ao mundo por causa disso. Dessa forma, o longa consegue ser leve e empático, mas não deixa de lado a profundidade da questão. Simon é chantageado e teme ser desgostado acaso o amor nutrido por um colega de escola de codinome Blue seja revelado.

Títulos como Amor Por Direito, Minhas Mães e Meu Pai, Me Chame Pelo Seu Nome, recentemente indicado ao Oscar e Moonlight (vencedor da estatueta de melhor filme em 2017) têm introduzido com naturalidade a diversidade afetiva em longas de variados gêneros, seja drama, romance ou comédia. Simon em muito se parece com o aclamado As Vantagens de Ser Invisível (2012) graças à intensidade com que aborda o lado pessoal de um jovem gay no auge da adolescência e da vida escolar. O filme vem sendo muito elogiado pela crítica e está arrancando lágrimas da plateia em sessões de pré-estreia.

A fotografia de John Guleserian registra o frescor da juventude e a graciosidade da trama, fortemente composta pelos amigos da escola Leah (Katherine Langford, 13 Reasons Why), Abby (Alexandra Shipp, X-Man Apocalipse) e Nick (Jorge Lendeborg Jr., Homem-Aranha – Homecoming) Cenas ensolaradas e ambientes decorados de forma juvenil indicam que o filme visualmente se apega aos jovens que se identificam com o contexto vivido por Simon, mas nada impede que outras faixas etárias também se apeguem à delicadeza do longa. O colega chantagista Martin (Logan Miller, Antes que Eu Vá) oferece a quebra do equilíbrio do mundo de Simon e mostra as variadas formas de lidar com situações potencialmente perigosas. A partir da chantagem que permeia toda a trama, Simon acabará por ser testado e por testar a lealdade de seus amigos. A trama se torna um pouco mais densa e traz reflexões valiosas ao público.

O intrincado afetivo entre os adolescentes também é um fator que merece destaque. Longe de oferecer foco exclusivo aos problemas sentimentais do protagonista, o longa se estende sobre os dramas do grupo de jovens e sabe extrair bom humor de quase todas as situações difíceis que eles enfrentam juntos ou em família. A rotina acadêmica soa como um personagem à parte, já que é lá onde todos os encontros e desencontros ocorrem. O fato de o crush de Simon ser uma pessoa desconhecida rende à trama momentos hilários, já que o garoto se pega imaginando Blue em vários colegas de escola.

Por tudo quanto exposto, Com Amor, Simon é o tipo de longa que, mesmo juvenil, sabe captar a atenção e o afeto de um público irrestrito (e, obviamente, livre de preconceitos quanto à orientação sexual). O filme sabe cativar desde o início e se desenrola de forma fácil e espontânea, ao colocar o protagonista como locutor do próprio drama e responsável por explicar ao mundo o que está acontecendo com suas emoções naquele momento. Simon é digno de uma ida ao cinema para aqueles que curtem se emocionar e levar um pouco da reflexão da trama para fora das telas.

Com Amor, Simon teve sua estreia adiada de 22/3 para 5/4, embora as sessões de pré-estreia já estejam acontecendo desde o início do mês. Para quem ainda não viu, o trailer abaixo é uma excelente amostra do que está por vir:

 

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