A resposta pode parecer meio óbvia: claro que sim! Mas essa resposta pode não ser tão lógica assim, principalmente se estivermos falando de desenho manual.
Na faculdade, via meus professores se escabelarem para fazer entrar na cabeça dos alunos a importância dos rafes, antes de partir para o produto final. Muitos alunos de desesperavam, pela dificuldade que tinham em representar manualmente suas ideias mas, principalmente, por acharem que seus desenhos deveriam ser obras de arte, totalmente bem acabados e ricos em detalhes, quando, na verdade, um rafe não é isso. É apenas uma representação rápida da criação, a primeira inspiração, exercícios para o desenvolvimento.
Para o terror dos que não gostavam ou não se sentiam confortáveis, haviam quatro cadeiras exclusivas de desenho que eu, particularmente, penso serem essenciais, mesmo para aqueles que não são tão simpáticos assim ao manual, mas é no desenho a mão que você vai ter as primeiras noções de dimensionamento de espaço, de composição, de representação gráfica com objetivo, enfim, uma série de conhecimentos que você vai utilizar na prática do design. Nem todos vão se tornar exímios desenhistas, mas ter essa noção e fazer esse exercício é muito importante.
Se me permitem contar a minha experiência pessoal, fui para o design essencialmente por causa da minha paixão pelo desenho desde criança. Quando surgiu o curso de design na minha cidade, fui da primeira turma, porque acreditava ser a profissão mais próxima do desenho possível, já que ser desenhista mesmo seria ainda mais difícil. Quando, na primeira cadeira, na primeira aula, a professora pediu para fazermos um desenho com tema livre, meu coração disparou e tive certeza que iria mesmo me apaixonar…e assim foi durante todo o curso (ou quase todo).
Mas depois, saindo pro mercado de trabalho, pude perceber que nem sempre as coisas funcionam no modo ideal, nem sempre teremos tempo para nos dedicar ao processo perfeito, com vários rafes e testes. Que, muitas vezes, nem mesmo as ilustrações, que tanto amamos, vamos ter tempo de fazer pessoalmente. Talvez tenhamos que recorrer a um banco de imagens, ou ao trabalho de um ilustrador.
Na verdade, não sou defensora ferrenha do uso de rafes no dia-a-dia, porque vivo agora num mundo real, que infelizmente não é o ideal. E também porque, como já repetimos aqui inúmeras vezes, o trabalho de um designer é muito mais complexo. Envolve várias competências e a aplicação de vários campos de conhecimento no desenvolvimento de um projeto. E mesmo um designer que não tenha tantas habilidades no desenho, terá um campo tão vasto para passear que, certamente, não terá seu trabalho comprometido em nada.
Gisele Monteiro