A premissa básica de reunir duas pessoas totalmente diferentes com um objetivo comum pode ser considerada um dos maiores clichês do cinema, entretanto, se a fórmula não tivesse dado resultados proeminentes, não seria repetida até hoje. O exemplar da vez é Dupla Explosiva, do diretor Patrick Hughes (Os Mercenários 3) com Samuel L. Jackson (Kong) e Ryan Reynolds (Deadpool), que estreou nas salas de cinema brasileiras na última quinta-feira, 31 de agosto.
Na trama, Michael Bryce (Reynolds) é um agente de segurança particular que sofre um rebaixamento após a morte de um dos seus protegidos. Esse fato mina sua ascensão profissional e também seu relacionamento, já que sua então namorada era uma agente secreta a quem Bryce credita o vazamento das coordenadas que levaram a morte do seu cliente. Em contrapartida, Darius Kincaid é um presidiário que possui informações que levariam à prisão de um líder da União Soviética responsável por massacres e crimes diversos contra seu povo. Para depor perante a Corte Penal Internacional, em Haia (Holanda), Kincaid precisa da melhor escolta possível para chegar lá, já que os órgãos oficiais estão vazando dados sigilosos sobre a viagem da principal testemunha do processo. Nesse momento, as vidas de Bryce e Kincaid se coadunam através de Amelia Roussel (Elodie Yung), a ex-namorada do segurança e a responsável pelo transporte do matador de aluguel.
O filme desagrada ao público que espera seriedade ou profundidade, já que tudo nele funciona na base do humor, da leveza e da violência descabida. Ainda assim, está longe de ser considerado fraco; despretensioso, talvez, já que o baixo orçamento contribui para que a trama se desenrole de forma fluída, sem gerar muitos questionamentos para sua plateia, mas divertindo (e muito), sem sombra de dúvidas.
A atuação de Samuel L. Jackson não deixa muita suspeita de que ele absorve qualquer situação com domínio, seu Darius é um assassino de aluguel sobre o qual é impossível não torcer a favor. Esse pensamento ganha um valioso reforço quando a latina Sônia (Salma Hayek) entra em jogo, a sensual e explosiva esposa de Darius, que está presa na Holanda e consegue ser mais letal do que o marido. Sônia não é exatamente o tipo de mulher que espera que o cônjuge resolva seus problemas e não gera desconfianças sobre os motivos que levaram uma pessoa uma pessoa feito Kincaid a dar-lhe seu sobrenome. Nesse mesmo sentido, Reynolds se encaixa perfeitamente com Michael Bryce, um homem esforçado que cumpre seu ofício com esmero, mas é sempre desacreditado e fica para trás por causa de alguém que faz no improviso o que ele muitas vezes não consegue fazer porque planejou demais. Dada a situação inconstante da carreira do ator, fica óbvio que ele foi feito para esse papel.
O longa sabe brincar com a comédia e a ação, entretanto, é de sua essência exagerar na falta de bom senso, e isso faz com que todos os personagens sejam bastante caricatos. Bryce é sempre certinho, Kincaid é um improvisador e Vladislav Dukhovich (Gary Oldman) destila maldade até pelo olhar. Mas, acima disso, é interessante analisar o que um pode oferecer ao outro, já que enquanto o politicamente correto exagera nas garantias, o outro se esbalda com o caos e a ação impensada. O êxito reside no sistema de contrapesos onde o humor é extraído das situações mais inusitadas possíveis.
Por fim, conclui-se que é uma trama branda, que sabe usar a espontaneidade e o estoque de estereótipos do gênero a seu favor; mas que, acima de ser considerada simplória, acaba arrancando gargalhadas involuntárias do espectador. Ideal para quem quer esvaziar a cabeça com uma história simples, debochada, alucinante e encantadora.
Confira o trailer: