Ato 1 – O que é Estômago 2 – O Poderoso Chef
“Estômago 2 – O Poderoso Chef” é a continuação spin-off do primeiro longa-metragem lançado em 2008, dividindo-se entre Alecrim (João Miguel) e Don Caroglio (Nicola Siri), a penitenciária e a Itália, tudo isso misturado como um grande prato de gêneros, referências e críticas sociais. Com isso, a receita para este filme começa com – “Um dos anti-heróis mais amados do cinema nacional, Raimundo Nonato (João Miguel) está de volta em Estômago 2: O Poderoso Chef, 16 anos após o lançamento do primeiro filme. Com um talento incrível para a culinária, Nonato conseguiu conquistar os criminosos na hierarquia da cadeia onde cumpre sua pena. Ele cozinha com frequência para o líder dos presidiários, Etcétera (Paulo Miklos) e para os outros carcereiros que apreciam uma boa gastronomia. Mas essa harmonia é transformada com a chegada de um famoso mafioso italiano chamado Don Caroglio (Nicola Siri), que abala as estruturas do local e quer disputar o controle da penitenciária, colocando Raimundo no epicentro de um feroz conflito.”
Ato 2 – Comentários gerais e resenha
Como uma sequência de um filme tão bom e icônico como foi Estômago (2008), que trouxe uma desconstrução da alta gastronomia e da forma como a comida é valorizada e consumida, além de críticas sociais pertinentes, com uma pitada de humor ácido e humor brasileiro em sua melhor forma. Fui com uma grande expectativa de ser algo melhor que o original e acabei me decepcionando, pois esta continuação infelizmente não conseguiu superar seu antecessor, mas sendo pior e até desnecessária, mas não é de todo o mal ou que faça vergonha à franquia criada. Mas ter esperado tanto tempo para lançar uma continuação que não fosse perfeita é algo decepcionante.
Como apresentado anteriormente, nesta continuação ainda acompanhamos Alecrim, vivendo a sua dinâmica de cozinheiros da prisão e agora, apaziguador de conflitos usando a comida como arma, mas a chegada de um mafioso italiano vai bagunçar tudo e modificar sua vida. De início até a primeira metade, o filme é incrível visualmente e narrativamente falando, a história te prende e deixa interessado, mesmo com o acréscimo dessa mistura de “poderoso chefão” brasileiro, o problema é que a trama se arrasta demais nas brigas de facções do Etcétera (Paulo Miklos) e Don Caroglio (Nicola Siri). Além de perder tempo demais para engatar o plot principal, cozinhando o espectador até não aguentar mais, num ponto em que eu só estava pedindo para o filme acabar, e quando eu achava que ele iria acabar, vinha mais enrolação. O cansaço foi tanto que, quando chegou clímax (que é muito bom), não serviu para me animar novamente.
Se o roteirista tivesse feito um filme de uma hora e quarenta no máximo, seria ótimo. Outro ponto era o humor, que não chegou aos pés do primeiro, um exagero em palavrões. De 10 palavras dos personagens, 9 eram palavrões tentando fazer humor, o que não funcionou para mim.
Mas nem tudo é ruim, longe disso. A cena de abertura é um espetáculo à parte, tanto por ser bela e asquerosa ao mesmo tempo, como pelo fato de quebrar a expectativa em relação ao que estava vendo. As atuações também são um ponto alto a se destacar, mas isso não salva o filme de ser uma continuação inferior ao primeiro.
Ato 3 – Direção
O diretor Marcos Jorge, que já trabalhou em Mundo Cão (2016), Doutor monstro (sem lançamento), Corpos celestes (2011), continua fazendo um ótimo trabalho aqui. Buscando retratar a dualidade entre a beleza da comida e o ambiente sujo da cadeia em contraste com a beleza da cozinha no restaurante italiano, causando um misto de sensações, de desejo, fome, nojo e um toque de humor através de sua direção. Além de conseguir captar bem o caos que é o ambiente penitenciário brasileiro, toda violência, brutalidade e dinâmica. Além da precariedade e do sentimento de um inferno na terra.
Ato 4 – Atuações
Em geral, todo o elenco é muito bom e entrega ótimas atuações, mas quem se destaca mesmo são os protagonistas Alecrim (João Miguel) e Don Caroglio (Nicola Siri). São dois opostos bem marcados, mas que se encontram através da comida. Alecrim com seu jeito brasileiro e Cearense, esperto e sonhador, e Don Caroglio que se encontra em dilema de vida e uma virada inesperada da vida.
Ato final – Conclusão
Sendo assim, “Estômago 2 – O Poderoso Chef” não chega aos pés do seu antecessor, mas também não faz vergonha e mantém um certo nível. O problema mesmo foi a barriga enorme no roteiro e essa mistura estranha com a máfia, só para fazer referência a um clássico do cinema.
Dia 29 de Agosto nos cinemas!