Design Identidade e design

Identidade e design

Por Mélio Tinga

Uma abordagem sobre identidade

Quando somos apenas sémen, procuramos nos transformar. Depois, em indivíduos originais, únicos, procuramo-nos até alcançarmos um nível de identidade pessoal pelo qual as pessoas ao nosso redor nos identificam e nos conhecem. A procura de identidade pessoal é contínua, porque o tempo, as pessoas ao redor, as experiências e novo aprendizado nos impõe uma constante transformação e estamos a todo momento ao encontro de nós mesmos, estamos sempre procurando a nossa verdadeira identidade, como pessoas, como avança Bauman (2005) << As pessoas em busca de identidade se vêem invariavelmente diante da tarefa intimidadora de “alcançar o impossível” (…)o “pertencimento” e a “identidade” não têm a solidez de uma rocha, não são garantidos para toda vida, são bastante negociáveis e revogáveis >>, já que é uma continua construção, do individuo ou de um coletivo.

Identidade é a qualidade de idêntico. É o reconhecimento de que o indivíduo é o próprio. (www.significados.com.br)

Identidade é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos com os quais se podem diferenciar pessoas, animais, plantas e objetos inanimados uns dos outros, quer diante do conjunto das diversidades, quer ante seus semelhantes. (pt.wikipedia.org)

Assim podemos encontrar o termo identidade a ser aplicado em várias vertentes, desde: identidade pessoal, identidade familiar, identidade da província, identidade nacional, identidade social, identidade cultural, identidade visual. Em diferentes áreas da ciência o conceito ganha diferentes formas de tratamento, partindo da sociologia, medicina, direito, filosofia, antropologia e comunicação.

 

Entre identidade e design gráfico

O conceito e a identificação clara de uma identidade mostra-se um exercício complexo em qualquer área de ação, o design gráfico como uma área de pesquisa busca (ou devia buscar) alicerces a outras áreas importantes para o desenvolvimento dos projetos, cujo fim é social, comercial, cultural, já que, no fundo qualquer projeto deve servir o meio social em que está inserido. Pensar num design atual eficiente e eficaz, significa num outro sentido pensar profundamente na interação do design de forma transversal com outras áreas de conhecimento.

A identidade aplicada ao design gráfico está intimamente relacionada com aspetos sociais e psicológicos, que o design só por si é incapaz de respondê-los todos, daí a necessidade de traçar uma ponte que forneça os dados da identidade de um grupo social, de uma empresa, de uma pessoa, de uma comunidade. A falha no levantamento dos aspetos que identificam o grupo no qual está inserido o trabalho do designer, implicaria imediatamente no fracasso, pois, este não estaria a responder as necessidades destas pessoas, seria, no mínimo uma solução “estranha”, no sentido de que nada teria a ver com elas, não teria o que as identificasse, daí a necessidade constante de estudar o estilo de vida local (local culture e local
lifestyle
).

A importância do conhecimento da identidade local, é importante no sentido em que: “como componente diferencial dos produtos que competem hoje em nível global.” (MORAES, et all: 2010) Estudos ou conhecimentos sobre a identidade de um determinado grupo constitui um alicerce por onde ergue-se o projeto de comunicação visual, podemos pensar muito mais além do conceito básico sobre identidade e chegarmos a identidade etária, para designar a um conjunto de caraterísticas de uma faixa etária, onde conhecimentos das idades, dos hábitos dessa idade podem decidir sobre como será o cartaz deste ou de um outro grupo diferente.

Fonte: brunosousa.com.br

 

Identidade e cor

Pensar numa identidade e na cor, significa para muitos designers uma tarefa que exige muita cautela. Num estudo feito por Eva Heller, com 2000 homens e mulheres, na Alemanha, os resultados provaram que a cor azul é a mais preferida, seguida de verde e depois vermelho, apesar de sua elegância, o dourado ficou em último. No entanto, se este mesmo estudo fosse direcionado a grupos restritos, como por exemplo empresários sucedidos, os resultados seriam, provavelmente alterados, o mesmo aconteceria, certamente, se este estudo fosse direcionado a um grupo localizado numa comunidade distante do centro urbano, ou direcionado a homens frustrados, ou, talvez a jovens dos dezassete aos vinte e quatro anos. A cor é também identidade, leva consigo muitas questões emocionais que o design só por si não é capaz de estudar.

Identidade e tipografia

A tipografia é um dos principais elementos na composição visual, e, portanto influencia grandemente na decisão de compra que dependa da embalagem, do cartaz, da publicidade audiovisual, da capa, do CD, ou outro tipo de projeto de design gráfico. A tipografia não pode ser pensada apenas como um meio para levar o texto ao recetor da informação, mas como um veículo fortemente carregada de identidade, de características identitárias fortes que deve ser vividas com entusiamo e emoção. Provavelmente, fontes mais simples, limpas, luxuosos não funcionem numa zona suburbana, da mesma maneira que seriam eficazes no centro urbano. A mesma fonte que um grupo de crianças de três a cinco anos fica radiante ao ver, poderia irritar ao passar pela vista de um grupo de senhores de quarenta e cinco a sessenta anos.

Fonte: image-cdn.dropr.com

 

Pensar numa identidade local e globalizada

A identidade local é indispensável para o reconhecimento no meio em que está inserido, no entanto, não pode haver prisão para o designer que procurar trazer o local para o mundo. É necessário fazer um projeção a partir do ponto onde se encontrar para a escala global, afinal, o tiro do caçador parte de um lugar. É preciso compreender a importância do que é nosso, o local, e garantir que o nosso tenha asas suficientes para voar para o mundo e encantar outros corações. É preciso levar o cartaz de Moçambique para o mundo, o cartaz sul-africano para ásia, o cartaz nigeriano para África, o cartaz português para Europa, o cartaz do Brasil para América e todos eles para o mundo.

 

O local está na cidade!

É preciso desafiar o design local para passar pelas grandes cidades e chegar ao mundo, o movimento de pessoas às cidades exige muito mais dos profissionais da comunicação visual, a mudança de lugar, implica, mesmo que pequena, uma mudança que transforma a identidade pessoal ou coletiva. É necessário compreender que uma empresa que nasce na cidade e vai à localidade não pode ser a mesma, e o mesmo acontece quando um empreendedor sai do campo à cidade, provavelmente é necessário restruturar a visão o que afeta diretamente na identidade visual e em todo projeto de comunicação visual da empresa, do projeto, do festival, do artista, da marca.

Quando o local chega na cidade, chega a hora de repensar no design como parte integrante do processo de desenvolvimento institucional. Até a próxima!

 

Bibliografia

MORAES, De Dijon, et all, Caderno de Estudos Avançados em Design, Identidade, Editora da Universidade de Minas Gerais, 2010, Minas Gerais

BAUMAN, Zygmunt, Identidade, Entrevista a Benedetto Vecchi, 2005, Rio de Janeiro

HELLER, Eva, A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão, [tradução Maria Lúcia Lopes da Silva],1ª Edição, Editora Garamond Ltda,  2013, São Paulo

POUCA, Diana Vila, Design in my life, 1ª Edição, Norcópia, 2010, Porto

 

Internet:

www.significados.com.br

pt.wikipedia.org

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