Das refilmagens agraciadas com o avanço da tecnologia do cinema que permitem novas proezas ao mercado, a novidade do momento é Alien – Covenant, do visionário diretor Ridley Scott. O remake estreia com gosto de quero mais. Na medida em que desbrava a continuidade do filme Prometheus¸ de 2012 (para os desavisados, ambas as películas se ambientam no mesmo universo interplanetário e alienígena), o novo longa galga um caminho que promete contar com vários capítulos cinematográficos. E nessa empreitada, as novas possibilidades de uso de tecnologia para garantir a maior realidade possível foram muito bem utilizadas.
Ao mesmo tempo em que elucida o que ocorreu após o deslinde de Prometheus, o novo Alien explicará o que aconteceu antes do primeiro filme lançado sobre o universo, em 1979.
Para esta película, a ambientação se dá em uma nave chamada Covenant que deve levar mais de 2000 pessoas para colonizarem um planeta descoberto que conta com as mesmas características bio e geológicas que a Terra. A tripulação da nave estelar conta com uma equipe multidisciplinar que estudará a estrutura natural da colônia, em continuidade às pesquisas feitas por scanners e satélites, antes de enviarem a nave.
A viagem soa muito parecida com a premissa de Passageiros (2017). A diferença é que, após os danos causados por uma tempestade solar, toda a tripulação é despertada do sono sintético (que não permite o metabolismo do passageiro durante os anos da viagem). Com as avarias, fica constatada morte de 47 viajantes e do capitão da nave, brevemente interpretado por James Franco.
Com o despertar de todos os especialistas, a atividade científica retoma na nave, que localiza por radar um planeta que apresenta as mesmas condições de vida que o Oregae-6, o destino da rota, com a diferença que, enquanto o Oregae-6 está a quase uma década de viagem, o planeta recém scanneado está a poucas semanas de distância. Não seria uma mudança de planos, apenas um desvio de rota.
Quando a maior parte do grupo de estudiosos pousa no local, as condições naturais encantam biólogos, geólogos e cientistas. Lá, encontram um andarilho que fará as devidas apresentações…
A partir da chegada da equipe à casa do Alien, o filme se torna uma constante surpresa. As sequências de ação são muito próximas umas das outras. O diretor optou por deixar de lado o medo subjetivo, aquele que apenas sugere uma presença não desejada, e através de angulações variadas, faz questão de mostrar o quão perto do perigo os cientistas estão. A vilania está presente, assim como a forma crua de retratar a dor, o pavor e o luto.
Enquanto alguns padecem sem as mínimas condições de lutarem por sua vida, na medida em que são transformados em hospedeiros e rapidamente descartados pelas criaturas extraterrestres; outros arriscam tudo para evitar a epidemia alienígena. Para eles, a carne humana é a substância perfeita para atacar e extrair corpo. Sangue não falta.
O filme conta com um enorme elenco, mas devido ao nível de entrosamento entre eles, a quantidade avantajada de rostos não é um problema. Todos são carismáticos e na história, quase todos são casados uns com os outros. Isso só aumenta o nível de sofrimento diante de uma perda eventual. Nomes como Katherine Waterson (Animais Fantásticos e Onde Habitam), Danny McBride (Sua Alteza?), Amy Seimetz (Stranger Things), Billy Crudup (Spotlight), Carmen Ejogo (Animais Fantásticos e Onde Habitam), Jussie Smollett (Revenge), Callie Hernandez (La La Land) e Damién Bichir (Os Oito Odiados) compõem o cast; mas é Michael Fassbender (Assanssin’s Creed) quem surpreende ao interpretar dois papéis ao mesmo tempo. Enquanto Walter é o robô a bordo da nave Covenant, David é uma antiga geração dessa inteligência que sobreviveu à destruição da nave Prometheus e desde então, habita solitariamente o aparente paraíso natural. A cena onde um ensina o outro a tocar flauta fica na memória do espectador.
Extrai-se que o curioso de Alien – Covenant é que mesmo contando com a nova forma inteiramente digital de se gravar um filme, o longa entranha o espectador pela realidade das pessoas envolvidas. Há sangue, suor, sacrifício, dever, honra conflitos éticos entre o bem coletivo e o resgate de um único membro, lealdade e lágrimas. Mais real, impossível!
P.S. O filme é dedicado, nos créditos, a Julie Payne, produtora que colaborou com Ridley Scott desde a década de 80 e trabalhou em longas do diretor como Gladiador, Até o Limite da Honra e Thelma & Louise.
Confira o trailer: