Fala criativos!
Hoje eu gostaria de falar alguns pontos negativos da indústria negativa que poucas pessoas falam sobre, principalmente para quem está iniciando na profissão. Já aviso de antemão que esse artigo não tem como objetivo denegrir alguma profissão ou empresa em específico.
O texto apenas representa a minha visão e experiência tendo trabalhado principalmente no mercado de publicidade, design e ilustração brasileiro (isso não se refere ao mercado internacional), logo o foco será principalmente nessas três áreas, embora é bem possível que haja identificação de profissionais de áreas próximas (ex: Arquitetura) com os problemas apresentados.
Se você é novo e está cogitando trabalhar no meio, saiba que nem tudo o que será dito é absoluto, existem exceções a essas “regras” e existe um lado muito positivo nessa indústria, porém não é o foco do texto. Se você já um profissional do ramo, gostaria que compartilhasse a sua visão e problemas que enfrentou na sua trajetória, fique a vontade para comentar ao final do texto.
HORA EXTRA É REGRA
A jornada de trabalho conforme estipulada nas leis trabalhistas, é uma realidade bem distante para muito profissionais do meio da comunicação. Não só para quem é empregado, mas até para donos de empresa e freelancers é bem comum levar os problemas para casa (isso quando eles voltam para ela. Ironicamente, mesmo após diversos casos polêmicos como o caso do Filipino que morreu literalmente trabalhando , pouco se tem feito para mudar esse cenário. A grande verdade é que a cultura workaholic na indústria criativa é uma criação das culturas empresariais que exigem bons resultados em prazos cada vez menores como forma de agradar sua cartela de clientes.
Talvez a raiz do problema das horas extras enormes e quase sempre não remuneradas esteja na relação que nossa indústria tem com seu cliente final, muito comum é aceitarmos prazos absurdos em troca de verbas maiores, assim como acordos para longas campanhas em troca da “conta” do cliente. Se pudêssemos resumir diria que se trata puramente de uma lógica capitalista de lucro a todo custo, inclusive de vidas.
Sim, existem lugares na indústria que respeitam as leis trabalhistas e, ironicamente, geralmente são empresas de pequeno a médio porte que muitas vezes não tem uma receita tão grande. Grandes empresas (e por esse termo digo agências, estúdios, produtoras e afins), por questões de status, lucros e outros interesses, costumam recorrentemente a não dar mínima para esse tipo de lei, sendo muito comum vermos casos de pessoas trabalhando há anos sem carteira assinada e recebendo apenas um salário, sem direito a VR, VT ou qualquer outro tipo de benefício. Me perguntou como essa prática nunca gerou polêmicas e processos em grande escala e a resposta está no fato de que ninguém quer se queimar no meio e logo tudo continua da maneira como sempre foi.
NÃO EXISTE ESTABILIDADE
Sabe aquele seu parente que foi empregado por 15/20/30 anos na mesma empresa? Em nosso meio, mesmo que você seja o dono da empresa, isso é uma realidade bem distante. A grande verdade atualmente é que profissionais de nossa área costumam oscilar ao longo de sua carreira entre estarem empregados / serem empreendedores / serem autônomos.
Essa flexibilidade de situação empregatícia acontece pela impermanência que temos no mercado criativo, o que quero dizer por isso é que a única constante que temos é a mudança. Clientes deixam a empresa, tendências trocam todos o meses, funcionários entram e saem e por ai vai. Compartilhando uma história pessoal: Quando comecei a trabalhar com publicidade em 2008, “o grande negócio” era abrir um agência de webdesign ou ser um webdesigner. Não preciso dizer que esse cenário mudou e muito, principalmente pela criação dos smarthphones, hoje nosso acesso a conteúdo é muito diferente.
Então fazer um planejamento de negócios ou de carreira nesse cenário é no mínimo caótico. Fora que a sua formação acadêmica não garante nada, é muito comum vermos vários profissionais em diversos níveis sem pós-graduação ou bacharelado em alguma área e por um lado faz sentido: Boa parte do aprendizado acaba sendo através da prática do dia-a-dia, não é a toa que muitas faculdades de comunicação exigem que seus professores sejam donos de empresa.
Longe de dizer que não se deve estudar, acredito pessoalmente que a melhor estabilidade que você pode conseguir em nosso meio é investir em você. Portanto, sempre que possível esteja aprendendo, seja um programa novo, processos novos e por ai vai. As empresas sempre vão querer o profissional mais capacitado pelo menor preço possível, isso é uma máxima do capitalismo, porém você pode aprender a usá-la a seu favor sabendo como se posicionar e como se vender, assunto do próximo tópico.
É PRECISO VENDER
Sim, você precisa vender. Nâo existe outra maneira de se dizer isso, mas claramente essa é uma prática que necessita ser recorrente caso você pretenda sobreviver nessa selva. Digo isso pois a maior parte dos profissionais que vi terem um crescimento rápido e exponencial não foram necessariamente os mais capacitados, mas os que sabiam melhor “vender seu peixe”.
Muitas pessoas vêem a palavra “vender” como algo sujo e pretensioso, mas saiba que tudo que você faz na sua vida, todas as suas relações são basicamente vendas. Uma pessoa só se tornará sua amiga se mostrar atrativa para ela, se você “vender ” sua figura. Você só conquistará aquele “crush” se souber o agradar mais do que os outros potenciais pretendentes, você terá que “vender-se” como o melhor produto do “mercado amoroso” dele.
Então, você pode ser o profissional mais capacitado possível, formado e com vários cursos de pós, cursos no exterior e um mestrado em andamento, de nada isso vai adiantar se você não souber vender seu “produto” para outras pessoas.
É DIFÍCIL CRESCER
Meio óbvio dizer isso, mas após todos os pontos apresentados aqui fica claro que não é um meio muito fácil de se crescer. Possuo amigos que continuam na mesma vaga, com o mesmo salário há mais de 5 anos, outros que largaram seus empregos para abrir sua própria empresa, nem todos se deram muito bem na espreitada. A verdade é que não existe receita de bola: Você pode ser bem relacionado, ser um profissional exemplar e mesmo assim não ter o reconhecimento necessário para crescer no mercado. Existem diversos fatores que complicam essa situação e boa parte deles são puro azar ou sorte.
Aqui gostaria de enfatizar que existe sim um único jeito comprovado de crescer: Oferecendo um produto extremamente único e que gere uma demanda constante. É uma tarefa fácil? Com certeza não, ainda mais hoje que temos uma crescente de startups, cada uma com uma proposta mais inovadora que a outra e conseguir investimento de terceiros é sempre um processo complicado. Não vamos desanimar: Mesmo que você não tenha verba ou idéias para tentar algo inovador, sim você pode tentar crescer dentro de outras empresas. Embora hoje nem as grandes agências e estúdios estejam a salvo da crise, se você for um profissional honesto, competente e sempre atualizado, eu garanto que sempre haverão portas abertas para você.
RESUMINDO
O texto pode ter um certo tom de denúncia e pessimismo, sei que existem muitas empresas que não compactuam com as práticas acima e fico muito feliz de já ter trabalhado e trabalhar com algumas delas. Acredito que é necessário esse tipo de conscientização, visto que mesmo que você tenha a sorte de fazer parte da indústria criativa e não tenha sofrido esse tipo de problema, você também deve se tornar um promotor de melhores hábitos para nosso meio. A mudança para uma situação trabalhista mais justa deve começar em cada um de nós e de lá para nossas equipes, enfim para nossas empresas e finalmente para o mercado como um todo.
E agora uma rápida dica: Na correria e formato que industria trabalha hoje em dia, é sempre bom entender como encontrar atalhos para não se desgastar ao longo do caminho. Uma boa dica que dou para profissionais iniciantes e seniors é ter uma conta em um banco de imagens, tanto para emergências que vão te demandar soluções mais imediatas, quanto para trabalhos com mais prazo e possiblidades criativas. Pode parecer besteira, mas ter acesso á um banco de imagens pode fazer uma baita diferença a longo prazo para você. Seja para estudo ou para trabalho, ter acesso a materiais de qualidade é essencial para a evolução de um profissional criativo.
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