De uns dois anos para cá, mais especificamente ano passado, vemos um crescimento exagerado no uso das pegadinhas na publicidade e em ações de marketing como um meio de ativação de marca e serviços, institucional básico ou um meio de conscientização e educação fundamental. O fato é que, como sabemos, isso já é comum e bem usado lá fora faz tempo. O motivo para essa exacerbação, que acabou extrapolando no mundo todo, é que elas realmente funcionam e trazem resultados comprovadamente efetivos, mesmo que sua aplicação possa parecer chata e repetitiva demais. Além do mais, muitas empresas vem procurando atrelar o viral a essas iniciativas, como uma forma de aumentar o alcance de seu objetivo final com a campanha.
Dessa forma, entendemos que a combinação do viral com iniciativas de marketing presenciais vieram para ficar e estabelecer um link com a cabeça do público que pode durar eternamente, como a clássica pegadinha da menina fantasma no elevador ou do “medonho” (quando eu era criança assustava muito mais) boneco Chuck saindo de um painel instalado no ponto de ônibus e muitos outros exemplos memoráveis. Mas, também fica claro que assim como existem ótimas produções e execuções nesse sentido, existem as ruins, que acabam gerando uma repercussão negativa nas mídias sociais, mas isso já é assunto para um outro post.
Nesta Terça-feira, com tudo isso em mente, me deparei com mais um case destes, promovido em Manhattan, Nova York, pela agência Grey para a ONG States United to Prevent Gun Violence, um nome grande que em português significa algo como “Estados Unidos Para Prevenir Violência de Armas de Fogo”.
A Campanha ‘In Loco’
A ideia foi muito simples: implantar uma loja fictícia para vender armas de fogo bem no centro de Manhattan (coisa bem corriqueira nas ruas Americanas), contando com um ator como vendedor e câmeras escondidas espalhadas pelo local para documentar e viralizar tudo depois, especialmente a reação das pessoas que iam até lá.
Ao entrar no estabelecimento e procurar por uma arma, os consumidores eram indagados pelo “vendedor” sobre qual seria o real motivo de quererem compra-la. Eis então o que foi respondido pela maioria: como uma maneira de se defender. Isso confirma uma realidade onde seis em cada dez norte-americanos possuem uma arma em casa como item de segurança. Dado esse que é contestado pela States United to Prevent Gun Violence, que diz que isso só serve para aumentar ainda mais os índices de mortes e feridos, fato esse que motivou o viral e que é enfatizado no começo do filme.
E é nesse momento que o ator começa a contar uma trágica história por trás da arma escolhida. Na cena mostrada no vídeo abaixo, a narrativa dita foi “Esta é uma das mais populares. Calibre 22, seis polegadas… E é também a arma que uma criança de cinco anos encontrou no quarto dos pais e utilizou para matar o irmão de nove meses”.
Para completar o choque evidente no rosto dos clientes, a arma contêm uma etiqueta com toda a história narrada, o que se repete para toda a mercadoria exposta, gerando ainda mais surpresa e comoção entre os presentes. O simples fato de a identificação estar ali no objeto, aliado ao fato de o ocorrido ter sido com uma criança, confirma tudo que foi falado, estabelecendo o resultado esperado de imensa estagnação e medo.
A ONG
Para quem não conhecia, como eu, a Organização Não Governamental States United to Prevent Gun Violence foi criada com o propósito de ajudar associações estatais de prevenção a violências causadas por armas de fogo e trazer novos parceiros para o movimento. Eles hoje contam com afiliações de seus 27 estados e 150,000 parceiros.
Os principais objetivos sob o qual trabalham são: construir comunidades saudáveis reduzindo o número de feridos e mortos por armas através de leis fortes, educação e parcerias. Porém, o trabalho inclui ainda suporte técnico para as tais entidades auxiliadas; oferecer uma e-newsletter popular; educar os membros sobre inciativas políticas e melhores práticas; prover treinamentos para membros sobre esforços organizacionais e montagem de boards; entre outras coisas.
Clique aqui para saber mais sobre a ONG.
Agora assista o filme e logo depois confira minha análise sobre ele:
Uma nobre campanha para uma boa causa
De fato a luta contra esse tipo de crime é muito nobre e necessária, principalmente no caso dos Estados Unidos, que constantemente sofre com atiradores malucos. A necessidade de conscientizar é tão iminente que frequentemente vemos esse tipo de campanha ocorrendo por lá, com participação efetiva do estado e criação de leis protetoras.
No Brasil são poucas as iniciativas quanto a isso, mesmo nós precisando disso também devido aos crescentes números da violência em grandes cidades. Acredito que nesse sentido o Instituto Sou da Paz seja o principal, senão o único, a se dedicar a causa verdadeiramente. Tanto que, coincidência ou não, acabou de lançar no início desse mês a campanha “DNA das armas” que visa incitar a discussão sobre a necessidade de se implantar um mecanismo de marcação das armas, como é feito nos EUA. Caso esse que foi abordado nesse artigo http://bit.ly/1AxTv7f, publicado no próprio site da organização.
É por essas e outras que estratégias virais como a usada, atrelada a uma ação de marketing presencial, se repetem cada vez mais, como falei na introdução desse post. Com a migração e integração do público com a web, fica muito mais fácil se promover qualquer coisa, além de atingir mais e mais pessoas, causando um grande buzz e mobilização em favor de uma causa, produto, marca ou serviço.
Portanto, parabenizo a João Coutinho, publicitário Português que foi um dos diretores de criação da Grey responsáveis pela concepção da peça como um todo. Que esta criativa e inteligente abordagem para o tema, possa ser vista e replicada no Brasil, a exemplo da América do norte, levando a julgamento popular um questionamento e uma causa vital que deve ser discutida. E que mais e mais ONGs como a Sou da Paz se mostrem ao país. Não quero aqui fazer apologia ou incitação de nada, apenas evidenciar como a publicidade, a propaganda e o Marketing tem fundamental importância na construção da consciência de uma nação e portanto deve ser mais criativa e atenta para se utilizada como tal.
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