É impressionante como em 2015, pleno século XXI, ainda vemos e ouvimos casos de racismo por aí. E como se não bastasse as situações cotidianas presenciadas nas ruas de todo o país, agora ele vem se intensificando na Internet, um campo seguro para os covardes que muitas vezes se escondem por trás de um perfil falso nas redes sociais.
Recentemente tivemos dois casos que por se tratarem de pessoas famosas vieram rapidamente a tona na mídia de massa. Em Julho, a repórter do tempo do Jornal Nacional, Maria Júlia Coutinho, foi acidamente atacada por um grupo de fakes. No mês passado, tivemos a atriz Taís Araújo, que da mesma forma, foi xingada de todas as formas simplesmente por ser negra.
Em ambos os casos, os responsáveis estão sendo investigados e punidos quando encontrados. Mas confesso que quando eu soube fiquei me perguntando: “E se elas não fossem pessoas públicas, será que teriam o mesmo fim? Será que seria divulgado da forma que foi?
Provavelmente não, e isso é bem triste, pois sabemos que todos os dias casos assim acontecem com anônimos, homens e mulheres, que “perderam” os direitos humanos por terem uma cor de pele diferente.
Uma ONG, uma campanha inteligente
Foi levando tudo isso em conta que a ONG Criola, do Rio de Janeiro, em parceria com a agência W3haus elaborou a campanha intitulada “Racismo Virtual, consequências reais”. Tudo começou com um monitoramento de comentários racistas postados em diversos perfis no Facebook.
Em um segundo momento, esses comentários foram capturados da rede, as fotos foram embasadas e impressas, sendo espalhadas posteriormente nos outdoors da principais cidades Brasileiras, em avenidas de grande movimento, próximas ao local de moradia do racista virtual que fez o comentário em questão.
A primeira cidade a receber os outdoors foi Espírito Santo, em Vitória, seguido das demais cidades do entorno, e região capixaba. A partir daí, a campanha já passou por Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Feira de Santana, Americana e Canela Verde (RS).
Segundo a ONG, o objetivo da campanha foi mostrar que o racismo na web não se esconde apenas por trás de fakes, mas também nas palavras de cidadãos comuns. E nada melhor para mostrar isso do que materializar o preconceito através de um outdoor, e esfregar na cara de todo mundo.
Porém, é importante ressaltar que o objetivo da ONG Criola com essa ação não é colocar o bandido atrás das grades, é evitar que o racismo venha a acontecer com qualquer um que seja.
A campanha ganhou até o site racismo virtual, que explica tudo sobre ela, incluindo as motivações, objetivos, mapas com os locais onde o outdoor está e um pouco do caso da Maria Júlia e sobre a Organização.
Veja imagens da campanha na galeria abaixo:
Racismo nunca mais
Acredito que iniciativas como essa devem e precisam continuar, pois quem sabe assim conseguiremos conscientizar um pouco a sociedade de que preconceito é mais do que pré histórico, é inaceitável.
A ideia de posicionar o comentário racista na localidade onde o criminoso mora é sensacional. É quase como se o agressor fosse o João bobo no meio da roda e todo mundo apontasse o dedo para ele. Posto no círculo de fogo ele não tem como fugir, não tem como escapar do escrutínio da vizinhança.
Dessa forma, todos que fizeram os comentários sentirão um pouco na pele o que é ser julgado e ao mesmo tempo o farão pensar duas vezes em fazer isso da próxima vez. Como o pai que pune o filho quando ele faz mal criação, a própria sociedade pune o racista.
Claro que isso não anula a necessidade da boa e velha cadeia, mas inibe e faz a pessoa se incomodar muito quando colocar a cabeça no travesseiro de noite. O que então passa a cumprir perfeitamente o objetivo da campanha.
Parabéns a ONG pela iniciativa e pelo trabalho que fazem, que continuem perseverantes e firmes no propósito de combater esse crime velado na Internet. E parabéns também para a W3haus, pela criação, produção e arte das peças expostas nos outdoors, que venham muito mais iniciativas assim pela frente.
Gostou da campanha? Qual sua opinião sobre tudo isso? Deixe seu comentário, adoraríamos saber como você vê e age diante do racismo virtual.