Você já deve ter se deparado pelas ruas com intervenções como essas: posters apenas com textos, colados em locais públicos e carregados de mensagens que fazem pensar.
Popularizado aqui no Brasil nos últimos anos pelo projeto #asruasfalam – antes um lugar que reunía mensagens de desabafos/inspirações/alegrias/tristezas espalhadas nas ruas, hoje já um movimento – esse tipo de intervenção urbana não pede letra bonita nem a paleta de cor perfeita.
Há 10 anos, o artista russo Egor Kraft, responsável pela famosa intervenção acima, ao postar na internet seus trabalhos corajosos de rua, começou a receber emails de pessoas ao redor do mundo interessadas em fazer o mesmo.
Kraft notou que todos tinham vozes e mensagens a serem passadas, e que a rua podia ser o meio ideal para se expressar e ser ouvido. Pensado nisso, o artista criou o TOSAY.IT, uma comunidade onde as pessoas podem expor os posters que colaram pelas ruas.
O site – assim como a hashtag #asruasfalam – funciona como um meio para estimular qualquer um a deixar suas palavras por aí, explorando texto, ruas e internet a fim de refletirem ideias incômodas que geralmente são ignoradas. Abaixo, algumas das intervenções da comunidade.
Em direção oposta ao fluxo robotizado que nos mantém em movimento todo dia, este tipo de intervenção vai de encontro ao caminhar contemplativo que caracterizou a figura do flâneur, descrito por Baudelaire e Walter Benjamin no século 19, a reimaginar o espaço, encontrando pontos inesperados e justaposições criadas pela experiência de mergulhar no entorno, à deriva. Um observador que pensa e reflete as circunstâncias, um amante do povo e das suas vozes.
São mensagens que amarram a cidade, seja na multidão que se atropela em cada cruzamento ou no cinza que ganha vida quando vulnerável aos traços ora simples ora coloridos, derramados pelos cantos sem conhecer forma, limites e pontuação.
Fontes: Kraftfolio e InspirationPage