O mundo não estava a espera que surgisse, numa época como a que estamos, uma pandemia que tivesse os efeitos que esta tem estado a causar, desde o seu surgimento na China. A vida mudou radicalmente e o impacto no sector do design é tão notável, como em qualquer outro.
A COVID-19 é considerada a maior crise do nosso século. E, assumamos, encontrou de surpresa e totalmente desprevenidos os políticos, os empresários, os pequenos empreendedores. A todos.
Não sabemos, efectivamente, até quando é que a pandemia estará controlada, o facto é que quando isso acontecer, várias coisas terão sofrido mudanças no sector laboral.
Pode-se dizer que a actual crise está a ter um papel interessante face às empresas fantoches. Nesta época a máscara cai.
Empresas que já vinham experimentando ferramentas digitais, entrarão para uma fase de aceleração e consolidação, quanto às outras, provavelmente vão fracassar, ou, para não parecer muito radical e pessimista, tentarão se erguer, aprendendo dolorosamente, face as circunstâncias impostas.
O design digital, que já se mostrava ser a tendência nos últimos anos, encontra nesta fase uma oportunidade para se afirmar. E talvez até para que as sociedades compreendam como isso faz diferença.
Claro que, apesar dos grandes desafios, designers preparados encontram nesta época oportunidade para compreender o que de facto funciona na comunicação digital e sobre como aprimorar competências para dar resposta às necessidades do mercado.
O trabalho remoto e independente vai ser acelerado. Assim como a digitalização. Tanto no trabalho corrente, assim como na formação académica. Empresas e escolas tradicionais precisarão se reinventar ou então extinguir-se-ão. Mostra-nos isso esta fase. Ou estamos parados ou então continuamos a trabalhar à distância.
A revista alemã W&V, publicação especializada em marketing, media e comunicação digital, faz seis prognósticos relativamente àquilo que irá acontecer no mundo do trabalho. Aqui ficam eles:
1. Mudanças no mercado de trabalho – Apesar dos esforços das empresas e dos políticos, haverá despedimentos e muitas companhias poderão falir. Por isso, é importante que as empresas redefinam a sua estratégia, tendo em atenção 3 grandes tendências:
– As start-ups terão um foco de actuação mais local e regional do que antes, uma vez que a globalização revelou-se como um dos grandes pontos francos desta crise.
– A pandemia deixou em evidência a dependência que o mundo ocidental tem da China do ponto de vista da fabricação de produtos. Neste sentido, muitos países vão procurar ser mais autossuficientes e isso irá traduzir-se numa onda de novas empresas focadas na produção local.
– As pessoas vão procurar, mais do que nunca, dar um verdadeiro sentido à sua actividade profissional, que deixará de ser apenas um meio para as pessoas se enriquecerem (ou, pelo menos, tentarem).
2. Valorização de determinados perfis profissionais – Várias profissões sairão reforçadas desta crise. É o caso dos enfermeiros, que até então talvez eram um pouco desvalorizados face ao papel dos médicos, ganharão provavelmente estima e a sua reputação será comparável finalmente à de profissionais (tradicionalmente bastante respeitados) como os bombeiros. Valorizar-se-á também a atividade de muitos heróis do quotidiano, como os trabalhadores de supermercados, por exemplo.
3. Virtualização, flexibilidade e digitalização do trabalho – O coronavírus não fez mais do que acelerar a digitalização do universo, que até agora ainda estava um pouco preso a ideias excessivamente tradicionais. Ferramentas como o “home office”, o trabalho colaborativo na vertente digital e as videoconferências, que antes eram vistas com algum ceticismo por alguns líderes, converteram-se na única opção possível. O COVID-19 está a demonstrar o valor do teletrabalho e isso terá um grande impacto no mundo laboral.
4. A cultura de liderança irá transformar-se – Os líderes que confiam no controlo e na presença dos trabalhadores nos escritórios da empresa para fazer valer o seu poder vão ficar desamparados. O velho estilo de liderança está a ficar “démodé”, porque há estilos bem melhores, e a pandemia está a mostrá-lo, refere a revista. Durante a crise vai ficar claro que a liderança moderna exige moderação em vez de controlo e liberdade em vez de restrições.
5. O coronavírus é um teste para a cultura corporativa – Em tempos de crise, os trabalhadores vêm com claridade qual é o compromisso dela para com eles. Mais do que nunca ficará em evidência a lealdade da empresa – ou a falta dela – face aos seus colaboradores. As companhias que cometam erros (colocando, por exemplo, em perigo a saúde dos empregados) poderão ficar sem os seus melhores talentos e, por isso, terão mais dificuldade em sobreviver no futuro.
6. A Geração Z terá que se adaptar a um ambiente laboral em constante mudança – Antes da crise muitos jovens da Geração Z olhavam para o mercado laboral como um universo cheio de oportunidades. Num mundo marcado pelas consequências deixadas pelo coronavírus, estes jovens serão confrontados com condições laborais radicalmente diferentes. Certo é que nem todos os seus desejos poderão ser satisfeitos com a facilidade de outrora.