“A publicidade voltada à criança contribui para a disseminação de valores materialistas e para o aumento de problemas sociais como a obesidade infantil, erotização precoce, estresse familiar, violência pela apropriação indevida de produtos caros e alcoolismo precoce”, é o que afirma a Publicidade Infantil Não.
De fato, existe um mercado intenso com produtos e serviços infanto-juvenis e as empresas precisam vendê-los, no entanto, precisamos como comunicadores (Publicitários, Designers) atentar para a forma de abordagem destas campanhas. Crianças são vulneráveis e passíveis de informação sem um controle e seleção, citando a Teoria Hipodérmica da Comunicação onde recebemos a informação passivamente como uma agulha perfurando nossa pele, fico analisando como as crianças são estimuladas ao consumo, e consequentemente estimulam seus pais à compra.
Devido à abordagem negativa de muitas dessas campanhas, há manifestos a favor da publicidade voltada aos pais como efetuadores de compras além do Projeto de Lei 5.921/01 que tramita há 11 anos onde se prevê a proibição de publicidade infantil e participação de crianças em qualquer tipo de propaganda.
Em entrevista, o Psicanalista Cláudio Firmino acredita que a criança pode ser um alvo fácil para vendas “Quando colocamos uma TV no quarto de uma criança, estamos dando para ela o poder da escolha, quando isso deveria ser dos pais. A publicidade quer vender. E a criança é o alvo principal, pois é uma presa fácil. Ela vai pressionar os pais para comprar aquilo que ela desejar. Então o melhor remédio chama-se controle remoto.” disse.
Por outro lado o Diretor de Criação Luciano Melo da Agência Aporte em Recife, não é contra campanhas com crianças porém que sejam desenvolvidas com responsabilidade “Não sou contra as campanhas publicitárias com crianças, mas é preciso ter responsabilidades. Não se pode induzir as crianças a comprarem ou a usarem produtos que não são bons para o seu desenvolvimento pessoal ou intelectual. Ou simplesmente induzi-las a forçar os pais ou responsáveis a comprarem produtos que as vezes não estão ao alcance de suas possibilidades.Sou muito a favor das campanhas com crianças que mostram um lado afetivo com a família, que é o caso das campanhas institucionais de final de ano ou as sazonais do Dia dos Pais, das Mães entre outras. Criança sempre emociona e cria laços de família. Sempre tive criança ao meu lado, e gosto muito dos comerciais que já fiz com elas.” afirmou.
Não podemos esquecer que nós comunicadores, somos quem pensa e executa tais campanhas, por este motivo uma mudança de mente quanto à abordagem do público-alvo é um fator primordial para o sucesso da marca em destaque, sem usar apelos ou constrangimento às crianças e adolescentes. Roberta Maria Silva dos Santos, Graduada em Letras pela UFPE e mãe de duas crianças com 3 e 6 anos se preocupa com a influência da mídia “Meus filhos tem um maior contato com a televisão, o que chama mais atenção deles são campanhas ligadas à brinquedos, dificilmente minha filha, que tem 6 anos se interessa em pedir roupa após assistir um comercial, por exemplo. Para mim as campanhas exercem sua função de vender e percebo que realmente as agências direcionam as campanhas para as crianças e não aos pais que compram pois sabem que elas têm influência sobre os mesmos” disse.
Por fim, para o Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente – CEDCA/PE, Fernando Silva: “Campanhas destinadas às crianças precisam apresentar um conteúdo com estímulo à alimentação saudável, brinquedos, jogos educativos e incentivo à solidariedade. Campanhas que estimulam consumo excessivo, não colaboram para uma consciência cidadã destas criança e adolescentes.”
Abaixo segue um documentário para estudo de caso, vale conferir.