Cinema e Séries Um Lugar Silencioso Parte II – a tensão aumenta

Um Lugar Silencioso Parte II – a tensão aumenta

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

Item de destaque na lista de estreias represadas por conta da pandemia do Coronavírus, o longa Um Lugar Silencioso Parte II dá continuidade à saga apocalíptica vivenciada pela Família Abbott, novamente desfalcada pela morte do pai, Lee Abbott (isso não é spoiler). A família liderada pela matriarca Evelyn (Emily Blunt) parte em busca de novas oportunidades de sobrevivência deixando a casa da família, mas o que os espera no mundo está longe de ser agradável.

O diretor e roteirista John Krasinski retoma a direção de uma sequência de terror considerado bastante exitoso no cinema. O filme de baixo orçamento conduzido por um diretor estreante que protagoniza a trama ao lado da esposa chamou a atenção da crítica e do público no primeiro longa, lançado em 2018, e dá continuidade à sobrevivência em um mundo tomado por criaturas dotadas de um super poder auditivo.

Pegando por esse gancho, chama atenção o bem-sucedido destaque sonoro que embala o filme. Da sonoplastia à trilha sonora, uma sala de cinema com som calibrado acentua o primoroso trabalho de jogo de cena e jump scares que o roteiro oferece ao público. De igual modo, a apresentação de partes da trama pela ótica da jovem Regan Abbott (Millicent Simmonds), que possui deficiência auditiva, demonstra no filme como a percepção do silêncio pode ser aterrorizante em alguns momentos. Ponto para o som (e para a falta dele também!).

A continuidade da experiência sensorial perpassada pelo longa também reside nas diversas sensações espalhadas pela narrativa. As inúmeras cenas que focam no caminhar descalço da mãe com os filhos rumo ao desconhecido convidam o público a refletir sobre o contato com areia, grama, asfalto, folhagens (e como isso pode causar barulhos e atrair encrencas). Outras experiências como sufocamento e lugares apertados estão no combo de emoções que o filme é capaz de transmitir ao seu espectador.

Aterrorizante na medida, e igualmente cativante, os atores retomam aos papeis mais confortáveis de si, sabendo que irão prosseguir com um enredo já familiar, mas que ainda assim consegue brindar a plateia com novas impressões. A ausência do pai é suprida pelo protagonismo de Millicent Simmonds, que com sua inteligência comanda as iniciativas de sobrevivência e capitaneia a lista de esperançosos por um mundo melhor (ou menos pior). A adição do personagem Emmett, vivido por Cillian Murphy vem para quebrar o clima de apoio familiar no núcleo ao mesmo tempo em que reforça o time Abbott.

Em um panorama de destruição, o filme registra com ênfase a desconfiança que a escassez e a exposição a um perigo comum podem gerar na convivência entre pessoas. Todavia, é Emily Blunt quem confere liga a todos os outros. O apurado senso de proteção e de dever para com os demais tornam Evelyn a responsável por criar elos fortes entre os personagens e conduzir o roteiro do longa sem que ele pareça cansativo.

Sobre o enredo, soou bastante apropriada a inclusão da cena que mostra o início da invasão extraterrestre (presente em todos os trailers lançados). Uma vez que o filme inicia com esta sequência, ela introduz a quem não conferiu a Parte I (2018) a noção de que a terra está sendo invadida por criaturas que se guiam pelos sons; e para aqueles que já conhecem o primeiro filme, oferece informações relevantes que foram introduzidas no longa anterior. De todo modo, esse fragmento introduz trechos de uma vida social normal, já antecipa o ritmo de assalto alienígena que ronda toda a trama e quebra o padrão mononuclear da estrutura de elenco que é característica da obra.

No mais, é curioso que um filme que teve tapete vermelho em março de 2020, passou mais de um ano aguardando e agora estreia na reabertura dos cinemas no país possa passar a mensagem de sobrevivência em lockdown quando o mundo todo estava sendo assolado por quem dizima qualquer um que dê um pio fora de casa. Bem simbólico para quem esperou ansiosamente pelo retorno das estreias. Se for ao cinema, use máscara o tempo todo e, se possível, dê preferência às salas que exaltam o que este filme tem de melhor: a experiência sonora nada silenciosa.

Um Lugar Silencioso Parte II estreia no Brasil nesta quinta-feira, 22 de julho. Confira os trailers nos links abaixo:

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