Ato 1 – O que é wicked?
Wicked, adaptação do famoso musical da Broadway para as telonas, é a transposição do teatro para as telas de cinema. Trazendo um musical grandioso e envolvente no mundo mágico de Oz, que fez parte da infância de muitas gerações, só que com uma perspectiva diferente da clássica história, porém, sem perder a sua essência. Este fantástico musical parte da seguinte problemática: “Na Terra de Oz, uma jovem chamada Elphaba forma uma improvável amizade com uma estudante popular chamada Glinda. Após um encontro com o Mágico de Oz, o relacionamento delas logo chega a uma encruzilhada.”
Ato 2 – Comentários gerais
Em uma escassa demanda de filmes musicais, Wicked chega com os dois pés na porta, mostrando a que veio logo em seu ato de abertura. Iniciando com toda a energia e musicalidade que um bom musical pede. Muitos poderiam ter receio da adaptação de mais um musical da Broadway, após o desastroso e vergonhoso “Cats”, mas felizmente não é o que acontece nesta adaptação. Sendo um deslumbre visual, musical e de atuação.
Nesta história, acompanhamos uma prequel do famoso filme “Mágico de Oz”, onde somos apresentados a uma Oz muitos anos antes de Dorothy chegar, e conhecemos o passado de personagens icônicos desta obra tão querida. Com um foco maior em Elphaba (Cynthia Erivo), a bruxa má do Oeste, numa espécie de humanização dos vilões clássicos dos contos, e Glinda (Ariana Grande), a bruxa boa do Norte. Abordando um aprofundamento de ambas as personagens e como tudo foi construído até chegar nos acontecimentos que conhecemos. Levantando uma mensagem de que as pessoas não nascem más, mas que acabam tornando-se pelas circunstâncias da vida.
A partir disso, a juventude e a relação entre Elphaba e Glinda são o ponto mais alto do longa-metragem. Tendo quase três horas de duração, o filme poderia ser uma experiência muito cansativa e sonolenta, já que a trama em si não possui muitos momentos de ação ou embates, ficando exclusivamente para seu clímax e finalização. Contudo, graças à ótima direção, músicas e química entre as protagonistas, pode-se apreciar de forma satisfatória e divertida, pois é instigante ver a Elphaba e Glinda interagindo e construindo sua amizade. Dois extremos opostos se completando, uma mais fechada e séria e a outra mais leve e humorada, o que faz um tempero ótimo para deixar a história menos monótona e mais acolhedora. E colocar pitadas de humor, sem dúvidas, foi um grande acerto. Porque se não, com certeza a experiência com o filme não seria tão marcante. Um ponto “negativo” são as tramas paralelas, que a princípio parecem não ter tanta relevância e só estão ali para preencher espaço com embromação. Mas suponho que tenha sido uma preparação para o que está por vir na segunda parte e que essas tramas terão uma devida relevância na história deste emocionante e belo musical.
Ato 3 – Direção!
A direção ficou por conta de Jon M. Chu, um diretor com experiência em filmes musicais ou que tenha algum nível de musicalidade ou dança. Mas possui uma lista bem diversificada de projetos, o que mostra sua versatilidade e capacidade de construir cenas incríveis, por exemplo, Ela Dança eu Danço 2 (2008), Truque de Mestre 2 (2016), G.I.Joe – Retaliação (2013). E em Wicked, o mesmo faz um trabalho fenomenal, pois consegue trazer a cara do teatro para a tela do cinema, além de explorar todos os belíssimos cenários que o orçamento de 145 milhões poderia oferecer. Nos momentos musicais mais dramáticos, ele segue sendo mais intimista, contido com a câmera, já nos momentos alegres e de ação, ele segue frenético, dançando e voando com a câmera junto aos intérpretes, o que deixa a experiência muito mais imersiva.
Ato 4 – Atuações
As atuações e canções são um show à parte. Todos os atores escalados estão perfeitos e mostrando que, além de serem ótimos atores, têm uma voz de dar inveja. Com destaque ficando com Cynthia Erivo e Ariana Grande, que possuem uma potência vocal de arrepiar quando começam a cantar. Além de conseguirem cantar e atuar ao mesmo tempo, de forma natural. Cynthia Erivo (Elphaba), traz uma personagem mais contida, séria, e tenta ser forte em meio ao preconceito e exclusão por parte de sua família e praticamente o resto de Oz, só por ser verde, mas traz também um humor sarcástico em oposição ao espanto das pessoas. Ariana Grande (Glinda) é mimada, egocêntrica, mas, ao mesmo tempo, gentil e muito humorada. Quando ela aparece, é certeza de uma risada. Jonathan Bailey (Fiyero) faz uma espécie de príncipe, charmoso, desejado por todos, inclusive pelas protagonistas, levantando um possível drama amoroso. Michelle Yeoh (Madame Morrible) é uma personagem pitoresca, uma espécie de Dumbledore de Oz, mas que não é tão boazinha quanto aparenta ser. Por fim, Jeff Goldblum (Mágico de Oz) se diverte fazendo um dos maiores trambiqueiros e manipuladores personagens dos contos. Sendo acolhedor e perigoso para nossas protagonistas.
Ato final – Conclusão
Por fim, Wicked, se mostra como um dos melhores musicais já feitos da última década, e um com certeza um dos grandes lançamentos do ano, que deverá ter indicações ao Oscar de 2025. Para quem não gosta de filmes musicais, infelizmente este longa-metragem não é para você, mas eu daria uma chance, pois é um ótimo entretenimento e vislumbre cinemático. Já para os amantes de um bom musical, podem ir sem medo, cantar, se emocionar e rir, pois, Wicked mistura tudo isso, de forma praticamente perfeita.
Dia 21 de Novembro nos cinemas!