3 Lições do filme Gato de Botas 2: O Último Pedido, Longa Metragem Indicado ao Oscar.

Puss in Boots ou Gato de Botas aqui no Brasil, é o segundo filme do personagem derivado da franquia Shrek. A animação está nos cinemas nacionais tomando conta do pódio de filmes mais assistidos, ficando em primeiro lugar nas bilheterias pela terceira semana consecutiva, ultrapassando até o fenômeno Avatar- O caminho da Água.

É uma história que diverte e cativa diversos públicos, que te prende e deixa reflexões que um bom filme sempre traz através da arte. E por mais que passem despercebidas por alguns olhares, animações têm sim o grande poder de impactar e emocionar o público.

Gato de Botas 2 trouxe várias lições, abaixo irei listar algumas delas:

1 – Nem todo sucesso é saudável para nossas vidas.

E de vidas ele entende. Tendo 9 (diferente da nossa cultura em que os gatos são retratados popularmente com 7 vidas, na anglo-saxã, eles têm duas a mais) o gatinho fofinho e egocêntrico de Shrek está prestes a perder sua última. Ele que viveu as oito anteriores sendo um baita de um narcisista, descobre na sua derradeira que todas as anteriores foram preenchidas de efêmeros momentos de aplausos e longos momentos de solidão. A busca incessante por glórias e a personificação de si mesmo como uma lenda é tão priorizada que faz o gatinho da trama esquecer do equilíbrio tão importante em tudo que fazemos, e que a vida não gira em torno desse palco criado, e acaba virando vazio, solitário e abandonando outros desejos que tinha. 

A necessidade por aclamação é uma questão que acompanha o homem talvez desde que adquiriu consciência mas que está muito mais presente e recorrente na era digital em que vivemos, em que parecer é por vezes muito mais importante do que de fato ser, e sabemos o quão doloroso é o processo de alcançá-la no decorrer do tempo. Que muitos dos que adoram alguém transformado em uma imagem idealizada não estão interessados em entender as fragilidades, as limitações e até os defeitos desse alguém, e quando elas se tornarem visíveis, não o apoiarão, restando a ele um trajeto solitário a trilhar. É justamente por isso que o protagonista do filme passa.

2 – O poder de uma companhia nas horas tristes.

Sabemos que o gatinho mais fofinho do cinema tem a legítima alma de gato, aquele típico felino “não preciso de ninguém do meu lado, sou autossuficiente”, é a fama deles né? E por mais que o Gato de Botas relutasse em abrir mão de sua vida de aventureiro desacompanhado, acabou cedendo devido a um encontro que cruzaria o seu caminho. Hahah fofinhos são eles!

Essa quebra de padrão do reino dos felinos se deu quando o nosso herói encontrou um… amigo que era nada menos que um cachorro! Quebrando mais ainda os estigmas antigos de que cães e gatos são inimigos mortais, ele se alia a um tão contagiante cachorrinho que usa um disfarce muito fajuto de gato para viver aventuras ao seu lado, e acabam se tornando amigos, mesmo com o gato de botas negando esse fato na maioria da trama por causa de seu orgulho felino.

Dentro desse alvoroço de sentimentos que o Gato de Botas passa quando a verdade sobre a sua história começa a se revelar, solitário e com o objetivo de encontrar uma maneira de realizar seu desejo, ele se depara com a morte. Literalmente. O bichano de botas e espada se vê completamente entregue ao medo, algo nunca sentido por ele antes.

Em uma das cenas, o Zorro versão felina corre da morte – representada por uma versão atualizada do clássico Lobo Mau, que inclusive tem uma dublagem majestosa feita pelo Wagner Moura – e devido a essa sensação de total vulnerabilidade acaba tendo uma crise de ansiedade, e aí vem uma das cenas mais lindas da animação, que é quando o seu então companheiro de viagem Perrito deita em seu colo fazendo-o se acalmar.

3 – Nossa família é quem cuida de nós!

Dentre vários personagens de contos infantis, alguns que têm importância no enredo do filme são o trio de ursos e a famosa Cachinhos Dourados. O grupo tenta ir atrás da mesma fonte de desejo que o gato de botas tanto procura, e estão dispostos a lutar por ela. A Cachinhos Dourados tem seu desejo: ter uma família. Os ursos ajudam a garota a conseguir chegar à estrela dos desejos mas no final ela percebe que sua família sempre esteve do seu lado, e que ela não precisa de uma nova. Ela já tinha sua família.

Existem pessoas que não são nossa família de sangue mas que ainda assim nos dão todo apoio, que às vezes buscamos reconhecimento em pessoas que apenas estão em nossas vidas devido a laços parentais, e quando olhamos para o lado vemos pessoas que têm uma importância enorme: nossos amigos que são a família que escolhemos para nós. E que quando temos essa consciência, elas se revelam ser tudo aquilo que já eram, e que nossos desejos já estavam ali conosco, mas que com o tempo tivemos que viver aventuras para reconhecer e valorizar as pessoas que mais amávamos.

O filme embarca em uma série de assuntos mesclados em um roteiro imerso de aventuras e histórias!

Elas trazem o mais singelo sentimento, o mais sombrio, o mais engraçado e bobo. Gato de Botas 2 é um filme para todos embarcarem em uma mistura de sentimentos, uma nostalgia, uma saudade, um amor, uma segunda chance. Mais uma vez o cinema mostra que animações são sim profundas e merecedoras de todas aclamações. E por favor, que elas sejam valorizadas sempre ou você não aprendeu com o Puss in Boots?

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