Você, criativo, provavelmente já passou por várias experiências de assistir um filme e ficar ligado nas cores, nas luzes, nos cenários utilizados nas concepções das cenas. Agora, se você não é tão ligado assim nessa parte da criação, não faz mal; você pode se interessar um pouco mais depois desse post, eu espero. Aqui, vou abordar principalmente a concepção das cores na hora de criar uma estética cinematográfica. Em outro artigo já falei um pouco sobre a cor no cinema (você pode ler clicando AQUI), mas nesse vou mostrar especificamente a harmonia da cor.
Quando se trata de cores, vários tipos de harmonias entre elas podem ser criadas. Entre as mais comuns estão as harmonias monocromáticas, complementares, análogas, entre outras. Não vou entrar no detalhe de cada uma, mas se você deseja ler mais sobre, há um artigo super bacana aqui no blog que explica tudinho (clica AQUI pra ver). Vamos começar agora a abordar um pouco algumas obras.
Os tons monocromáticos geralmente são usados em dois momentos distintos. Os monocromáticos de cores frias, onde a cena tenta passar um ar mais intimista, frio, quase triste. E os que trabalham as cores quentes, que passam um ar de maior tensão, movimento e agilidade. Veja esses dois exemplos retirados dos filmes A Noiva Cadáver (2005) e As aventuras de Pi (2012).
Em La La Land (2017) a cor também é uma das grandes protagonistas, principalmente pelo seu uso nas construções de diferentes formas de harmonia. Nas audições que Mia realiza como atriz, por exemplo, cenários e os figurinos mostram cores contrastantes e vivas, deixando claro não terem sido escolhidas ao acaso em nenhuma das situações. No primeiro quadro, a personagem interpreta uma enfermeira, seu figurino é azul, cor clássica usada em hospitais que remetem segurança e tranquilidade, enquanto o cenário é amarelo, que pode ser entendido como uma cor que desperta novas esperanças para quem está em busca da cura e também contribui com vivacidade e leveza.
Na segunda cena ela é uma policial, onde o cenário é vermelho, mostrando sua posição de poder; e o figurino roxo, cor que pode representar sua imposição e o respeito da profissão.
Na terceira cena Mia é uma professora, com uma jaqueta vermelha representando seu poder perante os alunos; e o cenário verde escuro, complementar do vermelho.
O clássico Star Trek também é uma das obras que traz na cor um importante elemento na trama. Na construção são utilizadas principalmente as cores primárias para os uniformes dos integrantes da tripulação. Ali, cada cor tem sua função. Os integrantes com a cor vermelha faziam parte da área técnica; os de azul, da ciência; os de amarelo eram do comando.
Abaixo, coloquei uma imagem do episódio USS Callister, da quarta temporada da série Black Mirror da Netflix, que tem Star Trek como inspiração, inclusive nas cores do figurino.
Não é segredo para ninguém que vários criadores usam a cor para passar diferentes mensagens. Seja para nos deixar mais dentro da história, para expressar sentimentos, angústias ou mesmo a personalidade de determinado personagem. O fato é que a cor é um importantíssimo fator dentro de uma construção cinematográfica, e seu uso com a harmonia pré-definida é necessário para não passar uma mensagem diferente da pretendida.