Steven Allan Spielberg, ou simplesmente Spielberg para os íntimos, é nada mais nada menos que o homem que inventou o cinema de blockbuster. Hoje estamos acostumados a ver recordes de bilheterias como algum filme de super-herói da Marvel ou um Avatar (feito por outro muito bem sucedido líder de vendas James Cameron) mas o primeiro diretor a bater o incrível marco de 100 milhões de dólares em ingressos vendidos foi Spielberg lá em 1975 com o super clássico Tubarão, filme que o consagrou como um dos mais importantes diretores de cinema de todos os tempos.
O cara tem uma filmografia que coleciona uma invejável lista de sucessos como o já citado Tubarão, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Indiana Jones, E.T., A Lista de Schindler, Jurassic Park, O Resgate do Soldado Ryan, A.I. Inteligência Artificial, Minority Report, Guerra dos Mundos, Jogador N1, entre vários outros aclamados pelo público e crítica.
Nesse ano de 2023, Spielberg que já tem duas estatuetas do Oscar na sua prateleira e é o único diretor a ser indicado em 6 décadas diferentes, recebeu a sua nona indicação ao careca dourado como Melhor Diretor (fora suas 12 indicações a Melhor
Filme, como produtor) por The Fabelmans, filme semi autobiográfico inspirado em sua própria vida.
Estamos vendo uma onda forte de nostalgia invadindo o cinema e a tv nos últimos anos, com remakes e reboots de filmes que marcaram gerações como os novos títulos das franquias Star Wars, Matrix, Harry Potter, Jurassic Park, série derivada de Senhor dos Anéis e Karatê Kid, live actions de clássicos da Disney, etc. E essa tendência vem da tentativa de resgatar momentos de uma época marcante em nossas vidas: a infância.
E nem Spielberg está imune a essa nostalgia, sendo na verdade um tema muito recorrente na sua filmografia. A magia das bicicletas voando em E.T., a lembrança dos consoles oitentistas em Jogador N1, a possibilidade de ver dinossauros vivos em
Jurassic Park, todos esses momentos cinematográficos remetem àqueles outros envoltos na aura de fábula da nossa meninice em que tudo era possível.
“Toda criança é um artista. O problema é como manter-se artista depois de crescido”, já dizia Pablo Picasso. E se antes aquele que soube muito bem manter-se artista usava de momentos inspirados em suas lembranças para criar histórias fictícias, dessa vez ele se voltou à sua vida de forma mais contundente para criar o indicado a Melhor Filme e outras categorias no Oscar, The Fabelmans.
“Filmes são sonhos que você nunca esquece” cita o cineasta em sua mais nova obra. E existe período onde mais sonhamos e acreditamos nos sonhos do que na nossa infância?
Spielberg em entrevista uma vez relembrou o momento em que, com apenas 5 anos de idade, foi ao cinema pela primeira vez e que ficou tão marcado em sua memória que lembra até hoje dos azulejos do corredor que levava à sala e de quando as cortinas se abriram revelando a tela do onde foi exibido O Maior Espetáculo da Terra, de 1952 e dirigido por John Ford, que para quem já viu The Fabelmans vai entender a sua importância na vida do Spielberg.
Na altura de seus 76 anos, ele não só entrega ao mundo mais um baita filme em termos técnicos como também um filme que resgata o deslumbre que temos ao sentar na poltrona do cinema e vermos um filme pela primeira vez, ao cheiro da pipoca e às histórias que marcaram as nossas vidas e que inclusive moldaram a nossa personalidade. Spielberg traz em The Fabelmans a mensagem de que não podemos nunca deixar a criança que vive em nós morrer, essa mesma que pulsa criatividade, que antes de almejar ser médico, astronauta ou professor é primeiro um nato artista, que tem sonhos e acredita que eles podem se tornar realidade. E qual outro lugar em que podemos justamente ver isso acontecer diante dos nossos olhos que não no cinema?