Cinema e Séries A Vigilante do Amanhã – Scarlett, robô?

A Vigilante do Amanhã – Scarlett, robô?

Por Herbert Almeida

Todas as áreas da arte têm os seus clássicos. Essas obras, consagradas pelo público e pela crítica, ganham a aura de perfeitas e intocáveis. Entre os animes japoneses, Akira (Katsuhiro Otomo, 1988) e Ghost in the Shell (Mamoru Oshii, baseado no mangá de Masamune Shirow, 1995) são clássicos absolutos, ultrapassando as fronteiras nipônicas e conquistando fãs ao redor do mundo inteiro. Por isso mesmo, causou tanta apreensão nos fãs quando Hollywood anunciou essa versão que estreia hoje, 30 de março, em todo o país. Como se não bastasse adaptar a obra para o ‘gosto’ do público americano, a produção foi acusada de ocidentalizar os personagens e transformar a intricada história em um mero filme de ação com uma atriz da moda.

Versão americana de anime de sucesso causa apreensão em fãs.

E quer saber? As acusações, embora feitas de forma antecipada, não são de todo infundadas. A narrativa mais linear parece mesmo ter sido suavizada para tornar mais compreensíveis os dilemas e indagações filosóficas sobre o que nos define como seres humanos que o anime traz à tona, mas as mudanças na trama não comprometem o resultado final. Com algumas heroínas de ação no currículo e uma atuação um tanto quanto robótica, a escalação de Scarlett Johansson para dar vida à agente Major foi incrivelmente acertada e, inclusive, defendida pelo diretor do anime. Já os outros personagens da Seção 9 estão tão bem caracterizados que o fato de alguns deles serem vividos por atores norte-americanos passa despercebido.

Experiência como heroína de ação credenciou Scarlett para viver a Major nos cinemas.

A história se passa em um futuro próximo, quando a tecnologia está suficientemente avançada para que humanos possam aperfeiçoar os seus corpos com implantes robóticos. Um esquadrão de elite formado por agentes modificados persegue um perigoso ciberterrorista em uma intricada conspiração empresarial.

Esquadrão de elite contra o ciberterrorismo.

Desde o começo, o filme procura homenagear o anime, seja reproduzindo cenas com extrema fidelidade, seja fazendo referências a outros filmes que foram, por sua vez, influenciados pela obra original. Nesse quesito, vale o destaque para a cena de abertura, com a construção literal da personagem, a invasão a um prédio onde o ataque terrorista que dá início à trama acontece e a perseguição de um dos vilões usando um manto de invisibilidade.

Alta fidelidade: Cena de abertura igual a do anime.

O diretor Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador, 2012) criou um visual semelhante ao sci-fi cult Blade Runner (Ridley Scott, 1982) com arranha-céus cheios de anúncios publicitários gigantescos e muito neon digital enfeitando a paisagem, enquanto a trama se desenrola em ruas sujas e habitadas por tipos estranhos. As cenas de ação são bem coreografadas e a violência está presente de forma mais branda do que no mangá e no anime. Quem também aparece é a trilha sonora original, embora apenas nos créditos finais.

Visual sci-fi clássico com arranha-céus e muito neon.

Para finalizar, A Vigilante do Amanhã é sim um bom filme, que respeita a obra original e, ao mesmo tempo, tem coragem para realizar as mudanças necessárias para se tornar um sucesso de bilheteria. Mas, que fique claro: de forma alguma substitui a experiência de assistir ao anime de 1995.

Antes de ir ao cinema, confira o trailer logo abaixo:

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