Carros remotamente controlados caem em cascata de um edifício como peças de Lego, uma Lamborghini desliza num lago congelado, viaturas policiais são dizimadas como pinos de boliche durante uma perseguição, um embaixador é perseguido por veículos sem motoristas… O oitavo filme da franquia Velozes e Furiosos (The Fate Of The Furious, EUA, 2017) consegue honrar o nível de exuberância e ação dos anteriores, e, surpreendentemente, mantém o fôlego para continuar arrebatando plateias.
Dar seguimento a um filme em que seu antecessor arrecadou mais de 1,5 bilhão de dólares não é tarefa fácil, porém, a inventividade das sequências, o alto nível de efeitos e edição de som, a chegada de novos rostos e o retorno de outros contribui para que o longa seja um sucesso, invariavelmente.
Nesta oitava parte, temos a inicial mansidão de vida entre Dom (Vin Diesel) e Letty (Michelle Rodriguez), curtindo sua merecida lua-de-mel em Havana, Cuba, interrompida pela presença de Cipher, uma ciberterrorista disposta a tudo para ver seus planos nucleares concretizados. Nesse papel, fica claro que Charlize Theron ainda não se livrou da vilania contida de Ravenna, a Rainha Má, entretanto, isso contribui para a construção de Cipher como uma pessoa que pode garantir muitos estragos para todos que a rodeiam.
A chantagem leva Dom a sabotar o transporte de uma arma que estava contando com a ajuda do grupo forasteiro para ser levada por Luke Hobbs (Dwayne Johnson) para um local seguro. Após a interceptação, tanto o material como seu ladrão ficam irrastreáveis. Nesse momento, caberá ao Sr. Ninguém (Kurt Russel) reunir uma improvável equipe de inimigos para recuperar tanto Dom, como a arma.
The Rock, Deckard Shaw (Jason Statham), Letty (Rodriguez), os hackers Ramsey (Nathalie Emmanuel) e Parker (Ludacris), o impagável Roman (Tyrese Gibson) se reúnem ao ajudante do Sr. Ninguém, o Ninguenzinho (Little Nobody, interpretado por Scott Eastwood) para impedir as investidas de Dom, a mando de Cipher. O grupo conta com reforços imprevisíveis. Destaca-se no time a participação de Helen Mirren, que mesmo breve, é radiante como sempre.
O filme não fica devendo em nenhum quesito. O elenco está imbatível em seus papeis e o contraste de paisagens que vai do calor de Cuba à neve russa, do deserto de gelo às ruas de Nova York formam um leque visual amplo e muito bem explorado pelas câmeras, que têm o condão de levar a plateia ao banco do carona em algumas tomadas (quanta imersão!). Os efeitos especiais auxiliam com exatidão a filmagem real, a exemplo do submarino de CGI em meio a um lago congelado cheio de carros em fuga, numa sequência imbatível rodada na Islândia.
Quem achava que o limite do possível havia sido atingido com a cena do cargueiro do sexto filme, ainda não viu em ação o submarino que carrega uma ogiva nuclear. Merece destaque também a ambientação de tensão bélica entre norte-americanos e russos, que seria clichê hollywoodiano se não continuasse eternamente atual.
As referências às películas anteriores são inúmeras e muito bem empreendidas. O oitavo longa da franquia amarra pontas soltas deixadas pelas tramas passadas, homenageia devidamente Brian O’Conner (Paul Walker – responsável em parte pela estrondosa bilheteria do anterior), confirma a transição de filme de corrida para filme de grandes roubos (alteração orquestrada pelos produtores desde o quinto filme) e garante que ainda tem muito a ser contado sobre a família de Dominic Toretto.
Falando em continuação, estão confirmadas as sequências Velozes 9 para abril/2019 e Velozes 10 para abril/2021. Contando com uma excelente trilha sonora, o diretor F. Gary Gray (Código de Conduta) prova que a cada filme, a saga dos corredores só se solidifica no mercado cinematográfico e angaria mais admiradores pelo mundo. Velozes e Furiosos 8 é o tipo de filme pelo qual vale a pena pagar mais caro por uma sessão 3D, XD, D-box, X-Plus, 4DX, Macro XE ou, especialmente, o IMAX, que preparou uma abertura especial para o longa em sua já famosa contagem regressiva.
Diversamente do tom de despedida que marcou e emocionou o final do sétimo filme (com See You Again cravada na memória), a oitava parte se encerra com gosto de continuidade. Não perca tempo, a cada segundo desperdiçado, Cipher pode roubar mais um código russo!
Confira o trailer: