Em tempos em que a representatividade é tão importante em qualquer área, uma artista cubana vem mudando a forma como a arte pode ser vista. Trata-se de Harmonia Rosales, de 33 anos.
Ela recriou várias obras clássicas substituindo os personagens principais por mulheres negras. Vale lembrar que a arte clássica sempre foi alvo de discussões pela falta de representatividade em suas criações, tanto na imagem como nos bastidores, uma vez que a maioria avassaladora dos artistas, reconhecidos ainda hoje, são homens e brancos.
“Se você considera que toda a vida humana saiu da África, do Jardim do Éden e tudo mais, faz sentido pintar Deus como uma mulher negra”.
Algumas de suas criações de maior destaque são as releituras de ‘A Criação de Adão’, de Michelangelo, e o Nascimento de Oxum (originário do Nascimento de Vênus).
“Tradicionalmente, nós vemos Vênus como uma linda mulher de cabelos esvoaçantes. Meu cabelo nunca foi assim, então eu ficava me questionando porque essa deveria ser a pintura da mulher mais bonita do mundo. Então eu mudei-a e a pintei com vitiligo, porque as imperfeições são coisas bonitas”.
O trabalho de Harmonia, que tem um cunho político, tem ganhado o mundo todo mostrando como é importante a arte representar não apenas os estereótipos clássicos. A artista diz que o intuito de fazer tal “substituição” é subverter o ponto de vista das obras, de um “criacionismo”, que muitas vezes reduz a imagem feminina.
“Queria fazer uma pintura significativa, amplamente reconhecida que subconsciente ou conscientemente nos condiciona a ver figuras masculinas brancas como poderosas e autoritárias e mudar o roteiro, estabelecer uma contra narrativa”.
“A arte é minha arma na batalha em curso contra a indiferença e a inação. Constitui a base da resistência”.