Não sei quanto a vocês, mas o desequilíbrio me incomoda bastante. Causa um grande desconforto, uma inconformidade, um incômodo. Não é a toa que estamos todos, sempre, em busca do equilíbrio, em tudo. Talvez justamente por saber que ele é dificílimo de ser alcançado.
Na composição visual não é diferente, quase sempre estamos em busca do equilíbrio. São raros os trabalhos que nos dão liberdade para pirar, para fazer algo totalmente fora do convencional . Equilíbrio entre cores, fontes, formas, diagramação. São muitas as variáveis com as quais temos que lidar para chegar ao melhor resultado.
Para encontrar esse equilíbrio, eu normalmente uso como ferramenta uma balança. Não serve para todos os arranjos necessários, mas pelo menos para a composição final, no visual, é de grande valia. Mesmo porque não adianta, temos que olhar para a peça e vê-la conforme nosso objetivo, caso contrário algo irá nos incomodar. Nesse momento somos como pintores, temos que contemplar nossa obra-prima e ficarmos em paz.
Falo da simetria. Nem sempre a simetria no sentido literal da palavra, onde tudo tem que ser exatamente igual nos dois lados, mas aquela que te dá uma sensação confortável de olhar, onde não tem um dos lados mais pesados, nem algo que chame mais atenção no local inadequado (aqui entra também a Gestalt). Simetria perfeita pode existir numa imagem, mas numa composição não. No entanto, o equilíbrio entre as forças, visualmente falando, é o que podemos perseguir. Tem que ser agradável. Nos exemplos abaixo percebe-se equilíbrio pelo arranjo dos elementos.
A não ser, é claro, que o briefing seja fora do convencional, algo para chocar, para impactar fortemente ou para provocar. Mas acredito que a maioria das demandas do mercado seja mesmo pelo conforto. Até porque, imaginem só, com tantos estímulos visuais que temos hoje em dia, se todos tivessem o objetivo do choque, do estranho, isso nos deixaria muito confusos. Nestes anúncios, o desequilíbrio foi usado propositalmente no intuito de chocar.
Não significa que não possamos criar peças assimétricas em alguns pontos, mas no final a composição mesmo assim pode ser equilibrada, trabalhando com o peso das imagens e com a diagramação. Aqui, mesmo fazendo-se uso da assimetria, o resultado final fica equilbrado.
No dia-a-dia de um designer, não poucas às vezes, trabalhamos duro para desenvolver uma peça totalmente equilibrada: combinação de cores perfeita, fontes casando com tudo, elementos bem diagramados…lindo! Mas espera, ops…faltou o logo do cliente. Aquele logo “m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o” que não foi criado por nós e nos é imposto goela a baixo para assentar na peça. Então, coloque centralizado, por último, como assinatura, olhe dali pra cima e continue deliciando-se com o seu trabalho perfeito!
Mas essa é a vida de um designer. Somos como malabaristas, jogando com os elementos sem deixá-los cair.
Gisele Monteiro