Dando continuidade aos filmes que tratam dos pequeninos seres azuis que medem a altura de 3 maçãs e vivem em uma vila no meio da floresta, onde cogumelos são casas, estreia nesta quinta-feira “Os Smurfs e a Vila Perdida” (Smurfs: The Lost Village, EUA, 2017), do diretor Kelly Asbury (Shrek 2).
Levando em consideração as pesadas críticas que as duas primeiras histórias dos Smurfs sofreram, a equipe do filme foi totalmente reforçada para garantir um bom desempenho do longa, contudo, o resultado não foi obtido. Se por um lado deve-se reconhecer o encantamento visual do filme e a qualidade do 3D e efeitos especiais, por outro, é absurdamente carente em termos de conteúdo e exploração dos personagens.
Em tempos de “Meu Malvado Favorito” e “O Poderoso Chefinho” e outras animações de aventura, “Os Smurfs” ficam para trás de toda a categoria por insistir no raso teor emocional dos protagonistas. Um é apenas inteligente, o outro é apenas forte, o outro é apenas desastrado e assim segue. As sacadas inteligentes ficam por conta da equipe secundária, composta pelos animais de estimação do vilão canastrão Gargamel, o inteligente gato Cruel e o velho pássaro que cumpre ordens, e também a lebre luminosa que ajuda Smurfette a chegar até a Vila Perdida.
Falando em Smurfette (dublada originalmente por DemiLovato), esta, que deveria ser responsável pela grande evolução do filme, é banalizada pelo roteiro durante todo o tempo. No longa, a única Smurf da vila sofre o dilema de não conseguir ser enquadrada por nenhum atributo específico, como todos os demais, e isso se deve a sua criação artificial pelas mãos de Gargamel. É também por sua culpa que o vilão descobre a existência de uma segunda vila de seres azuis. Para resolver a situação, a garota decide se adiantar e avisar aos moradores da aldeia perdida que um vilão está à procura deles.
Esse enredo demonstra uma tentativa de explorar o girlpower sem sucesso. Muito embora o visual da floresta seja exuberante e inovador quantos aos tons empregados, e a trilha sonora também se destaque, as aventuras vividas pela equipe azul e o risível vilão não empolgam nem o público infantil, que estão sendo constantemente brindados com tramas muito bem elaboradas no quesito aventura em animação nos últimos anos.
A falta de profundidade do elenco faz com que o filme se torne demasiadamente previsível até para o público infantil. Muito embora conte com um experiente diretor, é certo que o longa-metragem não conseguiu se livrar dos estigmas produzidos pelas histórias pregressas lançadas em 2011 e 2013 e persiste como um filme bobo, que entretém, mas não transmite nenhuma mensagem forte ou bem construída. É simplesmente mais do mesmo com um mínimo acréscimo de “alguém ser o que quiser ser”.
Conclui-se que os Smurfs têm muito a aprender com os Minions, esta sim uma animação de nível intelectual extenso, na medida em que consegue divertir tanto as crianças como os adultos que a levam ao cinema e garante piadas com diferentes níveis de discernimento para o público diversificado. No quesito plateia, “Smurfs e a Vila Perdida” deveria ser proibido para maiores de 12 anos.