Idealizado pelos designers Paulo Alves, Fernando Jaeger, Zanini de Zanine, André Cruz e pelos irmãos Sergio Fahrer e Jack Fahrer, o Projeto Seringueira utiliza a madeira de forma inédita na elaboração de peças cuja matéria–prima seria descartada pela indústria da borracha. A seringueira possui madeira clara, bonita, resistente, durável e ainda aceita os mais variados acabamentos e tingimentos. Seus troncos sólidos e lisos podem ser aplicados na fabricação de pisos, móveis, brinquedos, laminados e outros produtos sendo uma opção ao uso de madeiras nativas na fabricação de móveis e em construção civil. A sua galhada também pode ser aproveitada como biomassa na produção de energia.
O bacana é que o material usado para as peças vem de árvores que completaram o ciclo de produção do látex (uma média de 35 anos) e da borracha natural. Ou seja, de árvores que foram cortadas para dar lugar a novas mudas, um produto florestal estabelecido como não madeireiro, no qual o objetivo principal seria a extração do látex. O intuito desse projeto é promover o uso da seringueira, estimulando o reaproveitamento da espécie, evitando o desmatamento e a extinção de outros tipos ameaçados.
O mercado de móveis fabricados com a seringueira está estabelecido há mais de 20 anos em países asiáticos, como a Tailândia, Malásia, Indonésia e o Vietnã, tradicionais produtores de borracha natural, com imensas áreas dedicadas ao cultivo de seringueira. A cultura perdeu espaço no Brasil no final do século 19, quando empresários ingleses levaram as nossas sementes e entraram no mercado competitivo nacional. Atualmente, o País importa a borracha natural devido à baixa produção, que é muito menor do que a consumida — o que parece uma ironia, já que o Brasil foi detentor mundial na produção do látex.
Banco de Fernando Jaeger.