A relevância da mídia na era dos influenciadores: Buscamos sentido ou a falsa sensação de pertencimento?

A relevância da mídia na era dos influenciadores: Buscamos sentido ou a falsa sensação de pertencimento?

Por Manuel Costa


Vivemos em uma época em que, com um simples toque na tela do celular, qualquer um pode ser um “influenciador”. O feed de notícias, os stories e os vídeos curtos são os novos palcos onde todos podem ter sua voz amplificada. É quase irresistível! Quem nunca sonhou em ter milhares de seguidores, curtidas e comentários? Mas será que tudo isso é mesmo sobre influência? Ou existe algo mais profundo por trás dessa necessidade de expor ideias e opiniões para o mundo? Pode parecer surpreendente, mas a neurociência e a sociologia têm uma teoria diferente: no fundo, o que as pessoas realmente querem é pertencer a algo maior e encontrar sentido em suas vidas.

A hiperconectividade e a ideia de pertencimento

A ascensão das redes sociais transformou cada usuário em um potencial emissor de mensagens. A comunicação, antes limitada a canais tradicionais como TV, rádio e jornais, agora flui de forma descentralizada, levando cada vez mais pessoas a se autodenominarem influenciadores. No entanto, ao mergulharmos nas camadas mais profundas do comportamento humano, percebemos que essa busca por influência vai além do desejo de ser ouvido.

Segundo estudos na área de neurociência, o ser humano é programado para buscar significado em suas ações. O cérebro recompensa a sensação de pertencimento, e a validação social se torna um fator crucial para o bem-estar psicológico. Isso explica por que tantas pessoas se sentem compelidas a compartilhar suas vidas nas redes: a interação digital ativa os mesmos circuitos neurais que tradicionalmente se associavam às interações face a face, gerando uma sensação de aceitação e inclusão.

A sociologia complementa essa análise ao argumentar que o indivíduo moderno, cercado por um mundo hiperconectado, não está apenas em busca de validação, mas de propósito. Em uma sociedade onde a informação é abundante e as opções são praticamente infinitas, encontrar um espaço para se identificar e pertencer tornou-se uma necessidade primordial. Grupos, comunidades online, movimentos sociais – todos servem como espaços de agregação, onde as pessoas podem encontrar causas com as quais se identificam e construir uma narrativa que dê sentido à sua existência.

Um exemplo recente que ilustra bem essa questão é a polêmica em torno da nova vocalista da banda Linkin Park, Emily Armstrong. Após a morte de Chester Bennington, muitos fãs da banda reagiram de forma negativa à introdução de uma nova vocalista, comparando-a constantemente ao ex-vocalista. As críticas, na maioria das vezes, não faziam sentido ao analisar o mérito musical em si, mas refletiam algo mais profundo: o apego emocional e o senso de pertencimento dos fãs a uma fase anterior da banda. A nova música do Linkin Park, intitulada The Emptiness Machine, aborda justamente essa questão, ao sugerir que as pessoas muitas vezes buscam apenas fazer parte de algo maior, sem compreender completamente o que está por trás dessa busca.

A canção explora a ideia de que as pessoas podem se sentir “vazias” e tentar preencher esse vazio ao se envolver em comunidades, movimentos ou até mesmo ao seguir influenciadores online, buscando significado em experiências superficiais. Assim, a rejeição à nova vocalista e a nostalgia em torno de Chester Bennington não são apenas uma questão de gosto musical; elas refletem o desejo dos fãs de se conectarem emocionalmente com algo que lhes deu sentido no passado. A música provoca essa reflexão sobre o quanto somos movidos pelo desejo de pertencer, de nos sentirmos validados por fazer parte de algo – seja uma banda, um grupo social, ou uma narrativa maior sobre quem somos.

A chamada “cultura do influenciador”, embora amplamente associada à autopromoção, é, na verdade, uma manifestação dessa busca por pertencimento. Cada post, cada vídeo, cada comentário é uma tentativa de conectar-se a algo maior, seja um grupo de pessoas com interesses semelhantes, seja uma causa que inspire significado. A notoriedade nas redes é apenas uma manifestação superficial; o verdadeiro motor por trás dessa ação é o desejo humano de se sentir parte de uma narrativa que faça sentido.

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Vamos nos permitir?

A mídia e as redes sociais não estão apenas moldando a maneira como comunicamos, mas também como nos conectamos e encontramos sentido em nossas vidas. O desejo de ser um influenciador pode parecer, à primeira vista, uma questão de ego, mas ao olharmos com mais atenção, percebemos que ele reflete algo muito mais profundo: a necessidade humana de se sentir pertencente a algo maior.

Então, a questão que deixo para você, leitor, é: será que, na sua jornada pelas redes, você está buscando apenas curtidas, ou algo que realmente ressoe com o sentido que você quer dar à sua vida?

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1 Comentário

Jairo 9 de setembro de 2024 - 16:25

Não acho q só seja isso. As motivação pra ser influencer tbm está mto relacionado a tal da ilusão da grana fácil, afinal nem sempre é preciso estudar ou trabalhar empregos tradicionais para se tornar influencer de sucesso, basta uma simples zuada q a pessoa se torna a sensação do momento (meme). Então a pessoa pode sim buscar por likes e aceitação, mas não é só por isso, tem mto mais coisas por trás q faz ela querer se tornar alguém público, e uma delas é a questão da “vida fácil” q é vendida e mtas pessoas caem nisso.

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