Cinema e Séries Bohemian Rhapsody: a música, o intérprete, a história e a lenda

Bohemian Rhapsody: a música, o intérprete, a história e a lenda

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

O conhecido tema musical da 20th Century Fox executado em uma guitarra vibrante dá o tom, ainda com a tela em branco, do show que está por vir (detalhe, foi gravado pelo próprio Queen – link no final da matéria). Em cartaz há uma semana e sagrado rei do primeiro final de semana do mês, com o extra de um feriado, Bohemian Rhapsody já é um filme cativo para um público órfão e uma excelente apresentação da vida e da obra de um dos maiores gênios que o rock mundial viu brilhar para aquela geração posterior ao fatídico falecimento de Freddie Mercury, em 24 de novembro de 1991.

No mês que se completam 27 anos sem o vocalista, a banda Queen ressurge como uma fênix nos cinemas e nas paradas de sucesso ao ganhar a cinebiografia dirigida inicialmente por Bryan Singer (responsável por 4 filmes da franquia X-Men, inclusive o primeiro, de 2000) e concluída por Dexter Fletcher e tem o elenco encabeçado por Rami Malek (mais conhecido do público como o faraó Ahkmenrah dos 3 filmes de Uma Noite no Museu e vencedor de um Emmy pela série Mr. Robot), um ator que merece reconhecimento pela entrega de alma ao papel que possivelmente lhe colocará nas listas de premiações do início de 2019.

O filme levou 10 anos para ser produzido e tem seu marco temporal voltado à formação do Queen com Farrokh Bulsara (nome de batismo de Mercury, de origem africana) à frente da banda. Diversamente do que se esperava, as 2 horas e 15 minutos de projeção não são especificamente voltadas à vida do vocalista, mas apenas acompanham sua trajetória enquanto membro da banda, o que exclui do longa a vida pretérita, o hiato de alguns anos de quando se dedicou aos discos solo, e o fim de sua vida, já assolada pela AIDS. Em contrapartida, sobre Freddie, o fio condutor da trama, subsiste o casamento de anos com Mary Austin (Lucy Boynton), sua amiga até o fim da vida, o relacionamento posterior com Jim Hutton (Aaron McCusker), que o acompanhou até o falecimento, e a vida de excessos baseada em festas, drogas e múltiplos amantes.

A ambientação do longa em meio aos anos 70 e 80 permitem que toda a vibração rock’n roll da época venham à tona na composição do tom do filme. Penteados, indumentárias e o estilo de vida da banda levam o público a uma perfeita volta no tempo. Freddie Mercury é um adendo extra, pois tudo ao seu redor orbita conforme a sua magnitude e determinismo. A permissão para alterar letras, utilizar roupas masculinas e femininas e fugir do escopo de uma família tradicional são uma excelente homenagem ao homem que não viu barreiras na forma como viveu seus 45 anos de vida.

Quanto melhor for a calibragem da sala de cinema, melhor será a apreciação da obra. O quesito musical está no centro da qualidade técnica do longa, que abusa do sistema de som para demonstrar a ousadia e a genialidade do trabalho legado ao mundo pelo Queen, tanto no quesito composição, como arranjo e musicalidade. Algumas sequências glorificam a ousadia da banda tornando pública as variadas maneiras que os músicos extraiam sons para comporem suas canções (moedas em cima da percussão, caixas de som girando no teto e por aí vai). Acima de ser visto, é um filme para ser ouvido. Ainda que o filme tenha sido batizado com o nome da composição Bohemian Rhapsody, é certo que o auge da história está na execução de Love of My Life no Rock in Rio.

O filme possui 3 grandes marcos temporais, delineados primeiramente pela ascensão da banda, seguido pela hegemonia do grupo no cenário musical internacional, até o rompimento causado pela pausa que Mercury resolveu fazer. Em todos esses momentos, a presença de Mary Austin ao lado do vocalista indica a situação de vida vivida por Mercury, composta pela estabilidade da relação com Mary, passando pelo rodízio afetivo após o término e o retorno da estabilidade ao lado de Jim Hutton.

Por toda essa trajetória, Freddie Mercury só cresce na tela e isso se deve ao excelente desempenho de Rami Malek na condução do filme (que desbancou Sasha Baren Cohen na escolha do papel). O filme soa discreto quanto aos excessos do cantor, mas não passa em branco a sua homossexualidade, vaidade e relacionamentos que findam por influenciar nos rumos do Queen. O longa reforça a amizade e a confiança existente entre Brian May (Gwilyn Lee), Roger Taylor (Bem Hardy) e John Deacon (Joseph Mazzello) e tenta legar os problemas entre eles a influências externas. O trabalho de criação ganha foco ao lado das pessoas que caminharam com a banda (ênfase especial no primeiro empresário, que garante cenas hilárias) e foram responsáveis por encontros e descaminhos. Merece destaque o fato que o guitarrista Brian May, o baterista Roger Taylor e o advogado da banda, Jim Beach, participaram como produtores de Bohemian Rhapsody. Apenas o baixista John Deacon se manteve de fora do projeto.

Após alguns parágrafos com apontamentos diversos, conclui-se que a dificuldade de resumir a obra em uma crítica soa tão difícil quanto encaixar toda a bagagem do Queen e seus integrantes em um único filme com pouco mais de 2 horas de duração. Persiste a sensação de que Freddie e sua banda são uma experiência que merece ser ouvida e sentida pessoalmente, pois a visão deles sobre o mundo e sua tradução musical da vida ao redor estão a vários passos da distância dos mortais comuns. Bohemian Rhapsody merece ser visto. Freddie Mercury deve ser conhecido, ouvido e debatido. Mamma mia, mamma mia!!!

Confira o trailer no link a seguir:

Fanfare de abertura do longa, com guitarras originais do Queen:

 

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