Cinema e Séries Boneco de Neve | suspense controverso aposta no feminicídio

Boneco de Neve | suspense controverso aposta no feminicídio

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

A boa do fim de semana para quem pretende fugir da comédia e dos super-heróis é a estreia do suspense/thriller Boneco de Neve (The Snowman), obra do diretor Tomas Alfredson (O Espião que Sabia Demais) baseada no famoso livro homônimo do norueguês Jo Nesbø. O filme é estrelado por Michael Fassbender (Assassin’s Creed), Rebecca Ferguson (A Garota no Trem) e Charlotte Gainsbourg (Ninfomaníaca), além de J.K. Simmons (Liga da Justiça), Val Kimer (Palo Alto), Toby Jones (Atômica) e Jonas Karlsson (Black Mirror).

Ambientado no gelado inverno de Oslo, Noruega, a trama é protagonizada pelo detetive Harry Hole (Fassbender), que mescla a rotina de trabalho com a conturbada de vida de alcoólatra recém separado na namorada Rakel (Gainsbourg) com quem criou o enteado. Harry ganha uma nova parceira de trabalho, Katrine Bratt (Ferguson) para investigar um desaparecimento que acaba levando a uma sequência de crimes cometidos da mesma forma e contra o mesmo perfil de vítima: mulheres que tiveram problemas quanto a verdadeira paternidade do filho.

A primeira cena do longa retrata uma criança que sofre com esse mesmo tipo de problema e é certo que o adulto que se tornou é o serial killer alvo da investigação. O longa consegue jogar com o espectador ao apresentar uma trama intrincada, que induz a plateia em erro diversas vezes durante os 119 minutos de projeção e peca em termos de continuidade. Nem sempre os flashbacks são adequados à situação do presente e a falta de sincronia nas sequências colabora com as diversas confusões em que o espectador se vê tentando encaixar peças que não se ajustam.

A exibição coloca o público em um labirinto e até mesmo quando as respostas são dadas, inquire-se de onde veio aquele tipo de informação. Como o longa estreou há alguns meses nos Estados Unidos, a repercussão da crítica se voltou a reclamar da descontinuidade de algumas sequências e o diretor sueco atribui esse problema ao curto espaço de tempo que teve para rodar o filme na Noruega.

No que se refere à narrativa em si, em que pese os dramas pessoais suportados por Harry Hole, sua presença física de alma ausente não é capaz de despertar a empatia necessária para a trama. Talvez, se o protagonismo pessoal tivesse sido entregue a Katrine, o público conseguiria prestar mais solidariedade à agente.

Some-se a isso o emaranhado de micro histórias que compõem o filme, que abrange o atual relacionamento da ex-namorada de Harry Hole com um médico, os transtornos do enteado, o passado da agente Bratts, uma investigação sobre prostituição e outra sobre clínicas médicas e a eleição da cidade-sede para os Jogos de Inverno em meio a um patrocinador nada confiável. O constante clima de desconfiança entre os agentes Hole e Bratts deixa a plateia e dúvida durante todo o tempo se eles trabalham juntos ou pretendem sabotar a própria investigação.

Ainda assim, como o roteiro é altamente objetivo quando precisa fazer uso de violência, decerto a plateia terá a paciência necessária para desvendar a trama, na medida em que a crueldade do assassino mantém o público aceso à espera do desfecho. As cenas violentas e o trajeto percorrido pelo meticuloso investigador trazem à lume as desventuras do detetive Mikael Blomkvist (Daniel Craig) em Millinnium: O Homem Que Não Amava Mulheres, obra parcialmente norueguesa e referência no gênero.

Um fator que salta aos olhos do público é a qualidade da fotografia. Uma vez e a história se insere no rigoroso inverso norueguês, o diretor de fotografia Dion Beebe (Oscarizado por Memórias de uma Gueixa e indicado ao mesmo prêmio por Chicago), retira tudo que o clima pode propiciar em termos de visual, jogo de sombras e enquadramentos. O uso da Atlantic Road, a estrada norueguesa considerada uma das mais belas e perigosas do mundo, garante ao longa uma das melhores vistas que a Noruega tem a oferecer.

Por fim, o fato de a narrativa jogar com elementos diversificados o tempo todo tira um pouco da monotonia que por vezes assola da obra e mesmo que o roteiro linear não seja um ponto forte do longa, é certo que o mistério sobre o qual a trama gira em torno garante a atenção do público e faz a ida ao cinema valer a pena.

O longa estreia na quinta-feira, 23 de novembro e o trailer pode ser conferido aqui:

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