Cinema e Séries Com Amor, Van Gogh | homenagem maior não há!

Com Amor, Van Gogh | homenagem maior não há!

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

65 mil quadros pintados à mão por um grupo de 115 pintores treinados para copiarem a técnica artística de Vicent Van Gogh (1853-1890), o protagonista do longa, durante quase 2 anos de trabalho árduo. Esse é o resumo de um dos filmes mais esperados dos últimos tempos e que estreia na quinta-feira, 30/11, no Brasil.

Dirigido pelas mãos de Dorota Kobiela (Chopin’s Drawings) e Hugh Welchman, Com Amor, Van Gogh (Loving, Vicent), é uma obra polonesa e britânica que reconstrói a biografia do pintor holandês Vicent Van Gogh a partir da investigação feita por Armand Roulin, filho de um amigo de Van Gogh, tempos depois da morte do artista.

O fato de todo o filme ser uma sucessão, frame por frame, de telas pintadas a óleo manualmente fazem com que toda a expectativa se volte ao visual, de fato surpreendente; entretanto, se o convite do longa é o que se pode ver, o arremate fica por conta do que se extrai do roteiro, que se guia pelo conteúdo das numerosas cartas escritas pelo pintor e também pelo que foi retratado em suas telas, construindo uma narrativa cronológica a partir dos retratos e seus retratados.

O filme brinca com o expectador quando usa como cena algum quadro mundialmente famoso assinado pelo holandês, como o céu de A Noite Estrelada (1899), o Terraço do Café na Praça do Fórum (1888), o Retrato de Dr. Gachet (1890), La Mausmé (1888) e Senhora Gaché ao Piano (1890). Quanto maior o conhecimento sobre o conjunto da obra do artista, maior será a apreciação visual do longa.

Detentora de uma fotografia poderosa, a animação confere realidade ao óleo sobre a tela quando preconiza o uso dos sons como passos, batidas e respiração para deixar de lado qualquer ausência de realismo. O resultado é uma obra de arte animada que deixa o espectador em dúvida se prefere ler legenda ou apreciar a imagem. A cena que retrata Vicent sob a perspectiva do seu reflexo em uma bacia de água arranca suspiros da plateia, que sai da projeção se questionando se assistiu a um filme ou visitou uma exposição de quadros do pintor. De qualquer maneira, o impacto do longa é certeiro sobre o público.

Ainda que retratado em telas, o longa também foi filmado com atores reais, que depois foram incorporados, via animação, às pinturas. Desse modo, Douglas Boot, Chris O’Dowd, Eleanor Tomlinson, Jerome Flynn, Saoirse Ronan, John Sessions e Helen McCroy integram o elenco principal e Robert Gulaczyk incorpora o pintor.

O enredo acompanha os passos de Armand Roulin, filho do carteiro e amigo pessoal de Vicent, Joseph Roulin, que quer garantir que a última carta escrita pelo pintor seja entregue ao seu destinatário, Theo Van Gogh, irmão do artista. Ocorre que Theo faleceu pouco tempo depois de Vicent e à altura que descobre isso, Armand está envolvido o suficiente para se importar com as condições do suicídio de Van Gogh, que o leva a buscar as pessoas que fizeram parte de seu convívio nos últimos tempos, tais como seu médico psiquiatra e a filha, a dona da hospedaria, o vendedor de tintas e os aldeões de Auvers-sur-Oise, pequeno povoado na França e último logradouro do pintor holandês.

O que inicialmente era uma preocupação com a morte se torna uma preocupação com a vida levada por Vicent. Armand não o conhecia tão bem e à medida em que é cativado pela triste biografia do pintor, a jornada da plateia acompanha o ritmo emocional da reconstrução dramática de uma pessoa que não obteve êxito em nenhuma das variadas profissões nas quais se arriscou, também não foi capaz de amar e ser amado e não teve, sequer, condições de comprar as próprias tintas (incumbências essas à cargo do irmão). Toda essa conjuntura o levou ao suicídio precoce, aos 37 anos.

No fim, a presente obra é uma homenagem primorosa à vida e à obra de um artista solitário, que viveu no anonimato e apenas teve sua genialidade reconhecida pós-morte; morreu falido e se tornou bilionário depois disso. Sua célebre frase “só podemos falar através de nossos quadros” é relembrada e serve como bússola para a incrível iniciativa de retratar em óleo sobre a tela a trajetória humana de um mestre das tintas.

Assista ao trailer:

 

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