Crítica fora da curva: A cidade dos abismos!

Crítica fora da curva: A cidade dos abismos!

Por alanvictor

O longa chega aos cinemas em 11 de Maio.

O filme “A cidade dos abismos” é uma fonte de crítica social, que bebe das narrativas clássicas do cinema. E com isso traz mais uma vez a perspectiva do cinema menos comercial e mais artístico, contemplativo para o público. Além de ser mais um representante do cinema independente brasileiro.

Boulevard Filmes – A Cidade dos Abismos

No longa, iremos acompanhar “três personagens que testemunham um assassinato brutal na noite de Natal: Glória, mulher trans, Bia, jovem da classe média paulistana, e Kakule, imigrante africano. Tal evento muda o rumo de suas vidas; indignados com a impunidade, resolvem ir atrás dos criminosos e fazer justiça”. Realmente, como diz a sinopse, acompanharemos a história desses três personagens distintos, contudo, o maior destaque é a Glória. Infelizmente, a Bia e o Kakule parecem estar soltos na narrativa, sendo colocadas para fazer pontos específicos para ter uma cena, pois, eles não têm uma motivação própria para estar presente além do assassinato. A Bia, só está desapontada com a vida que leva, junto a um relacionamento que é mal desenvolvido. O Kakule, só tá ali por conta que aconteceu no bar dele e pelo fato dos polícias desmerecerem ele por ser imigrante (o que é uma crítica legal), mas faltou a gente conhecer mais sobre ele, a sua história. A Glória é a única personagem com mais tempo de tela e real motivação para tudo que acontece. Já que sua amiga foi assassinada, e ela quer justiça. Pois, aqueles que eram para fazer justiça, não fazem.

 Mesmo que o roteiro não seja o mais chamativo para mim, as críticas socias que ele aborda são bastante importantes, principalmente na sociedade de hoje. Mas o que o filme brilha mesmo, é na questão artística e estética. Representando uma cidade de São Paulo fora da realidade em vários sentidos, ao trazer cenas oníricas, onde não sabemos se é realidade ou sonho. O surrealismo, traz aquele exagero e estranheza boa que cria um mundo totalmente novo, e a direção soube fazer muito bem isso.

Boulevard Filmes – A Cidade dos Abismos

Já em relação ao elenco e atuações, temos atores que conseguem entregar o que foi lhe pedido. Verónica Valenttino (Glória) é o destaque, trazendo uma mulher trans vivida, que passa por uma perda que tira seu chão, e depois do luto vem a revolta e ela vai à luta. Guylain Mukendi (Kakule) faz o básico da atuação, mesmo sendo legal a representatividade, ele não esteve espaço para brilhar, além da música cantada pelo mesmo e seus amigos. Carolina Castanha (Bia) tenta colocar personalidade e carisma na sua personagem, mas o roteiro não deu muito espaço para isso. E por fim, Sofia Riccardi (Maya) que é o gatilho para nossa história, após a sua morte. Infelizmente é mais uma que não pode mostrar tanto sobre quem sua personagem era por conta da estrutura do roteiro.

A responsável pelo roteiro foi Priscyla Bettim, que traz uma trama interessante, cheia de ideias boas e ótimas intenções, mas faltou liga, faltou desenvolver mais seus personagens e o desenrolar da história. Entendo que por incorporar uma narrativa mais onírica e surrealista, tenta trazer esse ar de alucinação, de não saber o que de fato está acontecendo. Porém, faltou equilibrar melhor entre a realidade e a arte pela arte, acabou deixando a trama solta e sem carisma para seus protagonistas. Entretanto, ela entrega uma ótima direção junto com Renato Coelho.  Com bons enquadramentos e escolhas de planos. Mas o destaque vai para a direção de arte (Bira Nogueira), direção de fotografia (Rodrigo Pannacci) e trilha sonora (Arrigo Barnabé, Vitor Kisil). Juntos eles conseguiram trazer visualmente e acusticamente toda a estética necessária para cenas mais caóticas, desconfortáveis, triste e alucinógenas para dar a cara de sonho, surreal.

Mesmo não sendo um estilo de filme que me agrade tanto, e que não faça parte do que eu consumo constantemente, valorizar o cinema independente, é algo de extrema importância e que pode surpreender. A forma como a história é contada não me agrada tanto, contudo, a estética, a visual que remete ao cinema clássico, me cativa e agrada bastante. Inclusive fazem referência algumas obras renomadas, mais profundas e contemplativas do cinema brasileiro. Então se você é um amante de filmes mais artísticos, reflexivos, e que buscam manter a estética dos períodos clássicos ou só quer apoiar o cinema independente brasileiro, “A cidade dos abismos” foi feito para ti.

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