Olá, leitores.
Hoje inicio mais uma série aqui no blog, trazendo o que de melhor um designer pode fazer para melhorar a as cidades, o país e o mundo. Buscarei projetos em nível mundial e também pesquisarei sobre o que acontece no Brasil em mesmo nível.
Um dos assuntos que mais me interessam no campo do design é a sinalização, seja ela visual, tátil, olfativa, sonora, etc. É a disciplina mais completa, na minha opinião, do design pois envolve muitos outros profissionais de diferentes áreas diretas ou indiretas. Arquitetos, engenheiros, linguístas, urbanistas, entre outros, constantemente estão envolvidos em projetos de sinalização e ambientação de cidades.
Seja para um projeto de sinalização estática ou para melhorar a malha viária de uma cidade, implicando em novas rotinas de carros, pedestres e transporte coletivo, é necessário sempre pensar em aproveitamento de recursos e, importante avaliar também o que esse projeto pode causar na cidade e na sociedade e no mundo, em termos de comportamento e em termos de impacto ambiental. A reutilização de recursos é um grande aliado em projetos desta magnitude pois, vai com certeza baixar os custos de produção e, muitas vezes transferir a energia utilizada para outros fins.
E o projeto que inicia esta série está diretamente ligado à reutilização de recursos. Mesmo não estando diretamente ligado ao design, o projeto tem total ligação com o que chamamos de Design Thinking “que tem por finalidade propor novos métodos e processos para resolver problemas complexos e colocar as pessoas no centro do desenvolvimento de um projeto, buscando gerar resultados diretamente mais desejáveis à elas, financeiramente mais interessantes e tecnicamente possíveis de serem realizados.”
Projeto: Estradas solares.
Solar Roadways é uma ideia do casal Julie e Scott Brusaw. Depois de muito ouvirem sobre aquecimento global, resolveram pensar no que poderia fazer para que estas estas estradas, além de não utilizarem asfalto – cuja produção exige petróleo – na sua fabricação, auxiliassem ainda na geração de energia para as casas que ficam ao redor das estradas, dispensando recursos e utilizando a energia criada pelos carros que transitam nas estradas.
Inicialmente, perguntaram-se pelos materiais das “caixa preta” de aviões que, mesmo não sabendo de que eram feitas, tinham grande capacidade de proteger eletrônicos sensíveis nos piores desastres aéreos. Posteriormente, ideia foi utilizar painéis solares fabricados com um material de alta resistência para suportar o peso dos veículos e ao mesmo tempo aproveitar para captar energia solar e transformá-la em eletricidade para a população, para o comércio e até para os semáforos. Compostos também por LEDS, as estradas teriam também a capacidade de dispensar a sinalização visual de placas – não necessitando a produção destas – pois, os avisos são feitos diretamente no chão, baseado na tecnologia dos LEDs e num método eficiente que possibilite a visibilidade das mensagens durante o dia, alimentados por geradores que armazenam e distribuem a energia.
Desde 2009 o projeto já está em estudos e em fases de protótipos e, recentemente iniciaram um projeto piloto com uma subvenção de 750 mil dólares. Em sua cidade natal, Sandpoint, perto da fronteira com o Canadá, Scott e Julie construíram o primeiro estacionamento com painéis solares. O projeto segue e caso os resultados sejam satisfatórios é possível que o território americano comece a ganhar as novas estradas e tenha quase 100% de Solar Roadways em cerca de 5 anos.
Mesmo sendo um projeto que envolva alto investimento, pois painéis solares são caros no mundo inteiro, é um projeto que à longo prazo se paga devido ao baixo custo de manutenção, pois as estradas com painéis solares precisarão de poucas reformas, pois durarão até 25 anos, recuperando, de certa forma, o investimento inicial.
A composição do painel consiste de três partes: por cima uma camada translúcida e resistente composta por painéis solares, luzes de LED e aquecedores. No meio, uma camada de controle, onde um microprocessador aciona as luzes dos painéis da estrada. Abaixo, uma placa que distribui a corrente elétrica para residências e postos que carregam carros elétricos. Além disso, há espaço para outros cabos, como de TV ou de linhas telefônicas.
Julie e Scott Brusaw defendem, e penso o mesmo, que “Todo mundo tem o poder. Não há mais escassez de energia, (…) não há mais necessidade de queimar o carvão (responsável por 50% dos gases de efeito estufa). Não podemos depender de combustíveis fósseis e de petróleo. Podemos poluir muito menos. (…) Uma estrada elétrica permite que os veículos totalmente elétricos recarreguem em qualquer lugar: postos, estacionamentos, etc. Eles têm a mesma autonomia de um veículo movido a gasolina. Motores de combustão tornariam-se obsoletos. Nossa dependência do petróleo chegaria ao fim. Está na hora de atualizar a nossa infra-estrutura – estradas e rede elétrica – para o século 21.”
E no Brasil?
No Brasil, a Rodovia Marechal Rondon, em Agudos (SP), conta 328 placas que captam a energia solar e transformam em energia elétrica, que são transferidas para as baterias dos telefones que ficam ligados por até 48 horas seguidas e estão disponíveis em cada quilômetro das rodovias onde são cobrados pedágio. As mesmas placas também captam a energia solar que mantém ligados os aparelhos responsáveis pela contagem de veículos que por elas trafegam.
Investir hoje para reduzir e economizar mais adiante, deveria ser um pensamento geral das pessoas que detêm o poder e o dinheiro. Reduzir, recilclar e reutilizar deveriam ser uma exigência em qualquer esfera da sociedade e, nas empresas, uma medida obrigatória.
Uma outra opinião é a de que, já passou da hora de uma empresa como a Philips ou a General Eletric auxiliar em pesquisas e dinheiro para este projeto, seja para a Solar Roadways ou até mesmo iniciar algo aqui no Brasil (fica a dica de mais uma oportunidade de pesquisa e negócio).
E vocês, leitores, o que pensam deste tipo de projeto e de iniciativa. Já tiveram ideias ou estão realizando projetos desta importância? Deixem suas ideias nos comentários e vamos conversando.
Até a próxima, amigos. Um abraço.
Referências:
http://www.solarroadways.com/intro.shtml
http://www.designboom.com/technology/solar-powered-roadways-by-scott-brusaw/
http://www.tecmundo.com.br/energia-solar/4616-estrada-solar-o-asfalto-da-vez-a-tecnologia.htm
http://estradas.com.br/energia-solar-mantem-telefones-de-emergencia-ligados-em-rodovias/