Com o avanço abrupto de novas tecnologias de reprodução gráfica, como a facilidade de distribuição de documentos digitais, ebooks, entre outros, a editoração eletrônica, tida como conceito associado diretamente ao processo de impressão tem tido cada vez menos destaque. Mas será o surgimento de um novo mundo digital o fim dessa área, ou somente uma transformação?
O processo de editoração surgiu juntamente com o advento das reproduções gráficas. Trata-se do processo de edição e organização das informações para o processo de reprodução gráfica. Não se trata de nenhuma nova tecnologia, uma vez que por volta do ano 700 os chineses já produziam peças gráficas, ainda que com a reprodução manual.
Já no século XVI, Johann Gutemberg desenvolve os tipos móveis, e em 1886 Megenthaler apresenta o linotipo um equipamento que produzia páginas inteiras em metal reaproveitável. Esse processo, juntamente ao processo de impressão litográfica, criado por volta de 1796, por Alois Senefelder, e a evolução desse processo para impressão off-set no início do século 20, tornaram os processos da editoração cada vez mais desafiadores: uma vez que agora havia a agilidade no processo de reprodução gráfica, era também necessária a agilidade no processo de reprodução das informações.
Em 1984 o mercado de editoração foi revolucionado com o surgimento do Aldus Pagemaker, juntamente com a impressora LaserWriter da Apple Computer. Uma vez que os computadores começaram a evoluir e ganhar espaço no mercado, como ferramenta de produtividade, os profissionais da área de editoração viram-se pela primeira vez com a oportunidade de poder editar suas publicações previamente com maior assertividade, e de forma gráfica e ágil. Inicia-se a era do WYSIWYG (“What You See, Is What You Get” – em tradução livre “O que você vê, é o que você terá”) para a editoração.
Com uma impressora de velocidade ágil, para a época (8 páginas por minuto), o processo de editoração permitia toda a visualização do material antes da produção e confecção dos fotolitos e chapas que seriam usadas no processo de impressão, permitindo o ganho de agilidade e economia em eventuais correções. Tudo isso tornava o processo mais eficiente, e econômico, e é nesse cenário que populariza-se a diagramação. Essa função, surgida no início da era do fotolito na impressão gráfica, agora ganha mais destaque pois seu profissional agora tem, em suas mãos todos esses recursos. O trabalho que, no mercado de jornais e revistas, envolvia a coordenação de dezenas de pessoas na montagem física de recortes de textos e imagens para a geração de fotolitos, agora era feito por uma equipe de tamanho bem reduzido ou, em alguns casos, por um único profissional.
Com a fusão Aldus-Adobe em 1994 o Pagemaker volta a ganhar mercado frente ao seu concorrente, QuarkXPress que havia ganhado terreno durante o início da década de 1990.
Encerrado em 1998, o Pagemaker dá lugar ao Indesign que mantém seus mesmos conceitos e a base da interface e usabilidade que deram tanto destaque ao aplicativo passando a compor, a partir de 2003 a Creative Suite, plataforma que destacou a Adobe com a integração entre seus apps e a consolidou de forma quase hegemônica no mercado.
Foram pouco mais de três décadas e meia de ouro para o mercado de impressores, até que o grande boom da Internet e, a mesma mente brilhante por trás do Apple Computer nos traz em abril de 2010 o iPad, com várias propostas, dentre as quais a popularização do conceito de leitor de livros digitais, conceito que há pouco menos de uma década já estava sendo trabalhado pela Amazon entre outros players do mercado editorial.
Com esse burburinho, o mercado se agitou, condenando ao fim os livros impressos, uma vez que o custo de produção de um ebook é mais baixo, e sua distribuição muito mais facilitada. Essa previsão se mostrou falha.
O fato é que, apesar do aumento da popularidade, há ainda vários leitores que preferem a textura física das folhas de papéis, e o “cheiro de livro novo”. Algumas mídias mantém seu charme, e seu padrão de qualidades, e a mídia de leitura digital, não se popularizou com a mesma velocidade e impacto que ocorreu com o lançamento das mídias de áudio digital – salvo as devidas diferenças e proporções de cada um dos mercados.
O que isso gerou para o mercado de editoração de livros e revistas é que os programas se adaptaram. Hoje, tanto o Indesign quanto seus concorrentes, trabalham a questão da editoração eletrônica tanto para impressos quanto para formatos digitais permitindo, com grande facilidade, que uma mesma diagramação possa ser planejada e executada para atingir ambas as mídias simultaneamente. Com relação à distribuição já é possível também exportar o mesmo arquivo em vários formatos, o que torna essa flexibilidade cada vez maior.
O fato é que o mercado se adaptou às evoluções tecnológicas, assim como os programas, e é esse o caminho que o profissional de editoração tem feito, diversificando suas tarefas agora também como digital publisher, seja mantendo-se fiéis a origem de editor eletrônico, ou até mesmo migrando para outras formas de diagramação digital (sim, o Indesign e os outros players também publicam em formato HTML). Algumas revistas e zines tiveram suas publicações também migradas para o digital ainda que, com a popularização de blogs, mídias sociais, e outras plataformas de notícias, tenham seu mercado ainda mais nichado.
O mercado de editoração está longe de ser condenado, e ainda tem um grande espaço no mercado para os profissionais especializados na área. Se o foco profissional é diagramação de revistas basta a percepção de que muitas lacunas estão sendo deixadas com o fim de várias linhas editoriais de amplitude maior, deixando mais espaço para um mercado de nicho e também para a distribuição digital em sites como a Apple Store, Google Play, ou plataformas específicas como Isuu, GoRead, Joomag, entre outras.
Quanto aos livros, Amazon, Saraiva, entre várias outras já tem um grande acervo de ebooks e sempre crescendo. Você pode orientar seu cliente a publicar nessas plataformas também.
E quanto às publicações físicas: bem, quem resiste ao folhear de uma revista e ao cheiro de um livro novo?
E você? Acha que o mercado da editoração eletrônica e seus softwares estão preparados para os desafios do século XXI, ou acha que esse mercado está com dias contados? Deixe seu comentário!