Mais de dez mil imagens bombardeiam nossos cérebros, todos os dias através de vários meios, entre cartazes, vídeos, outdoors, jornais, revistas, livros, folhetos, cartões e embalagens. No entanto, simplesmente nos lembramos de imagens que despertam um certo tipo de emoção, essas imagens, normalmente geram memorização. Em outros termos, começamos aí a entender que um projecto de design gráfico que nos causa maiores emoções será memorizado, daí ser importante a consideração das emoções humanas na concepção de projectos de design gráfico, e não só. Uma imagem com força e impacto visual pode ser melhor lembrada do que uma imagem totalmente passiva, que não gera nenhuma emoção.
“A surpresa e o impacto provocam reações no organismo: aguçam os sentidos, dilatam a pupila, provocam descargas de adrenalina, mexem com a razão e com a emoção” (BARRETO: 2010). Imaginemos um vídeo publicitário em que um velho de 63 anos aproximadamente, entra correndo, tira a camisa e as calças e dança no meio da sala para exibir a marca da nova cueca que veste. Se passa na televisão ou visto através de outro meio, o normal é que não nos esqueçamos, porque de certo modo, houve uma ligação entre nossas emoções e o vídeo. O vídeo estaria apresentando uma situação que, para nós não seria normal, nos surpreenderia.
Quando folheamos um jornal, há um conjunto de imagens, tipografia e cor que geram emoções, quando ligamos a televisão, nos deparamos com um vídeo publicitário do qual não mais nos esquecemos, há nesse momento elementos, expressões, que geram emoções.
Quando escrevemos em um meio de comunicação visual “inovação” usando uma tipografia com serifa e outro caso sem serifa, a emoção causada é diferente, o cérebro alia o sentimento, a emoção causada e o conteúdo. Em muitos casos até nos esquecemos do conteúdo, mas nos lembramos da emoção que uma certa embalagem nos causam: irritação/elegria/tristeza…
É indispensável, hoje, encontrar meios e estratégias certas para despertar atenção, no meio de tanta informação. Precisamos de pensar na forma, função e incluir entre nestes a emoção, as escolhas humanas são ditadas pela emoção que se sente perante um projecto, o Homem é eminentemente um ser emotivo por natureza. Racional, mas emotivo, a interacção deve gerar memorização, gosto.
“Na actividade projectual, a forma já não segue a função, mas sim a emoção. (AIRES: 2010) ” Neste sentido é importante que a emoção seja considerada como um dos componentes indispensáveis, pois segundo neurologista português António Damásio, as emoções são determinantes no processo de tomada das decisões, decidimos baseados nas emoções que sentimos.
O designer precisa considerar as emoções a serem causadas, para isso precisa conhecer o contexto, as pessoas para as quais vai o projectar. No entanto, suas emoções são também importantes na produção dos sentidos que o projecto ganha durante todo processo criativo.
“(…) os projectos assumem-se inequivocamente, como um repositório de emoções. O resultado será a sublimação gráfica de um conjunto de referências estéticas e ideológicas, idiossincrasias e mundividências, valores e conceitos, ideias e sonhos, no âmbito de uma actividade projectual que reputamos de consistente e coerente. O design possui, de facto, esse carácter poroso, na medida em que absorve tudo o que está à sua volta e de tudo se serve para estabelecer uma qualquer ordem visual.” (AIRES: 2010)
O papel branco, em design gráfico, compara-se a um copo vazio, pronto para receber água, refrigerante, sumo, cerveja, vinho, entre outros. O pepel está disponível para servir de repositório de ideias, de emoções a serem transmitidas. O melhor conceito, depois de muita experimentação do designer, provavelmente seja o que carrega maiores significados e com maior carga de emoções possíveis. Há projectos que passam e não são vistos, mas existem os que ficam, os que lembramos sempre por serem bons o suficiente, por nos terem causado maior emoção, esses são os projectos que sobrevivem no nosso tempo, esse são os projectos que o design precisa nos nossos dias.