Quem aqui já passou pela dificuldade de projetar a própria identidade? Neste artigo irei tratar quase que de um tabu vivido por profissionais da criatividade e da comunicação: o projeto de identidade pessoal.
Nós, acostumados a investigarmos e desenvolvermos projetos para diversos clientes, muitas vezes não somos capazes de fazer essa auto-análise e projetar a nossa própria identidade e paramos muitas vezes naquele ditado que diz que: em casa de ferreiro, o espeto é de pau! Responder e interpertar um auto-briefing, conhecer profundamente a si próprio e criar a própria identidade, não só não é tão simples, como às vezes não dá tempo, pois ele é quase todo dedicado aos projetos de nossos clientes.
Mas hoje vou provar que é possível definirmos nossa marca, utilizando nosso nome (sem a necessidade de “criar um nome de empresa”) e, acima de tudo, agregando valor à nossa marca pessoal.
Maurício de Sousa, um brasileiro importante para a cultura e educação do país, utilizou seu nome à frente de sua empresa e, mesmo criando personagens que obtiveram grandes destaques e que poderiam facilmente fazer com que sua pessoa fosse esquecida, conseguiu fazer com que, colocando o seu nome no negócio, ajudou a transformar o estúdio em um prolongamento da sua personalidade, transmitindo os valores que norteiam a criação das histórias para todas as áreas do negócio.
Ter uma empresa com o seu nome requer cuidados. Ao associar nosso nome ao nosso produto ou serviço, teremos que sempre cuidar o que compartilhamos em redes sociais, por exemplo, mesmo que tenhamos o perfil pessoal separado do profissional. A imagem da pessoa, ao confundir-se, com o seu negócio, passa a ficar mais exposta e, a interação com o público torna-se inevitável, uma vez que agora somos uma pessoa empresa.
Já sabendo destas “obrigações”, como podemos definir de fato a nossa identidade?
Fazendo algumas leituras e pensando um pouco, vi que uma boa solução para definir nossa identidade é buscando tudo o que nos fez chegar até aqui. Por que somos designers, fotógrafos, escritores, publicitários, etc. Uma identidade visual não precisa entregar o que é o produto ou o serviço que a pessoa presta. Exemplo: ninguém olha para a Assinatura Visual do Mc Donald’s e diz que ali vende-se hamburguer, ou para o Símbolo da Apple e diz que trata-se de uma empresa de computadores. A identidade manifesta-se da melhor forma justamente através da sua essência, então busque-a e transmita-a, independente da forma. O que te fez chegar até aqui? Pergunte-se muitas vezes e depois tente representar isto visualmente. Busque na sua infância as suas experiências que fizeram com que você gostasse de desenhar, escrever, planejar, fotografar, etc.
Profissionais da criatividade e da comunicação são estimulados sob diversos aspectos e sob os mais diversos sentidos também. Sua identidade começa a definir-se desde os primeiros estímulos que ele sofre. Um designer não tornou-se designer só por que desenhou desde cedo. Com certeza ele teve outros estímulos sensoriais que o fizeram investir em sua profissão. Eu, por exemplo, quando pequeno gostava de assistir NBA, ler Turma da Mônica, ler Ziraldo, escutar samba e desenhar uniformes e símbolos de times de futebol e de basquete. Pode ser que tudo isto não tenha a ver diretamente com a profissão, mas até os estímulos auditivos nos fazem moldar o modo com que nos expressamos em nossos projetos visuais. Tenho certeza que estes estímulos mais antigos foram os que realmente me fizeram aproximar e saber, depois de grande, o que era design, para depois iniciar a carreira e depois ainda definir uma identidade que transmitisse a minha essência e o que gosto de fazer.
Então, busque suas primeiras paixões, procure no Google imagens que o faça lembrar delas, organize-as em um moodboard (ou painel semântico), extraia a essência e transforme isto, juntamente com seu planejamento e objetivos, em sua identificação visual pessoal e bons negócios!
Pra fechar, deixo uma dica de leitura:
O livro Briefing: A Gestão do Projeto de Design, de Peter L. Phillips
“…De forma clara e concisa, o livro auxilia profissionais a entenderem a importância do briefing e como produzi-lo de maneira eficaz. Escrito baseado na experiência profissional do autor, é fácil identificar paralelos com o cotidiano das empresas e dos designers. Para os estudantes, o livro é uma forma de familiarizá-los com o briefing, para que eles entrem no mercado de trabalho conscientes da importância desde planejamento prévio que, muitas vezes, é negligenciado nas escolas…”
Fiquem agora com algumas identidades pessoais bastante inspiradoras.
Um abraço e ate o próximo post!
Referências: