Cinema e Séries O terror adolescente de Slender Man: Pesadelo Sem Rosto

O terror adolescente de Slender Man: Pesadelo Sem Rosto

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

É certo que filmes de terror dividem opiniões entre aqueles que adoram e os que abominam o gênero. No meio desse imbróglio, títulos com histórias para matar de vergonha até o maior dos fãs. É nesse nicho que se encontra Slender Man: Pesadelo Sem Rosto. Curiosamente retirado de uma creepypasta (lendas urbanas modernas, que têm origem nos fóruns de internet dos anos 2000), a história de um homem sem face e com braços longos parecidos com madeira surgiu online e se tornou viral devido à série de montagens com sua imagem, dando origem a contos, jogos e alguns incidentes reais. O mais recente dos incidentes é a obra cinematográfica aqui comentada.

A expectativa pelo filme vem de sua origem viral, o que chama a atenção pelo imaginário coletivo que conseguiu enxergar o Slender Man até em pinturas rupestres e o fez chegar ao cinema. Ocorre que o longa, baseado em uma boa ideia, não consegue aproveitar a lenda e se torna uma história aborrecedora sobre 4 adolescentes que decidem investigar o mito e acabam enredadas nas artimanhas de um vilão que faz o lobo mau parecer mais assustador que ele.

O diretor francês Sylvian White conseguiu reunir um bom elenco juvenil, composto pelas atrizes Annalise Basso (Ouija), Jaz Sinclair (Cidades de Papel), Julia Goldani Telles (Gilmore Girls) e Joey King (7 Desejos) que são a única razão para que o público decida assistir o longa até o final, já que as atuações são boas diante de um roteiro excessivamente fraco e falho. Aquilo que pode ser resumido como terror de ensino médio gira em torno de um mistério que só acontece em duas ocasiões, que são cenas diurnas na escola das garotas e sequências noturnas em todos os outros lugares; chega a ser irritante o fato de que todo terror só acontece à noite, como se o Slender Man fosse um vampiro que se saísse ao sol seria queimado e em toda a cidade não houvesse um poste de luz.

Em continuidade a essa falta de criatividade, soma-se todas as burrices que adolescentes religiosamente cometem em filmes do gênero: se assustou com um barulho em casa? Corra para a floresta sombria! Descobriu algo que a polícia deveria saber? Mantenha segredo! Está sendo perseguida? Entre numa rua escura! Onde procurar a amiga desaparecida? Num cemitério à noite e sozinha! E nunca, em hipótese alguma, conte aos seus pais, polícia ou qualquer outro adulto que você está correndo risco de ser morta. Ah! Investigue tudo e reúna provas melhor que a polícia, mas não compartilhe isso a eles. Ufa! Ou seja, o roteiro chega a ser enfadonho de tão ilógico, previsível (e risível) que é!

A sonoplastia do longa não ajuda com o insistente som de madeira, para lembrar que o vilão que atrai e hipnotiza crianças surge das árvores. Por falar em vilão, esse parece que é resultado de uma reunião de histórias aleatórias que não combinaram juntas. De início, a lenda narra que o foco do Slender Man são crianças, mas o filme é protagonizado por 4 adolescentes rebeldes que são perseguidas por ele; o homem sem rosto até que tem rosto, o que lhe falta são as feições. Inicialmente, ele aparece em locais arborizados, mas subitamente se transforma em poeira e ganha ares de aranha de madeira graças aos tentáculos que saem de suas costas e que não são utilizadas para absolutamente nada. Retirando todo o suspense em torno de sua aparição, quando o homem finalmente se faz presente, arranca gritos de sua vítima e desaparece.

O resultado disso é um filme que monta um enorme mistério em torno de uma criatura que mata, sequestra, hipnotiza, mutila e que não convence nem uma criança de 12 anos sobre o quanto assustador ele é. Jump scare não falta, mas é sempre embalado por uma cena vazia e sem propósito que culmina em coisa nenhuma. A cenografia é recheada de cenários de madeira para lembrar o vilão e os quartos das adolescentes montam personalidades distintas, mas não o suficiente para fugir dos clichês dos filmes americanos.

Por fim, conclui-se que Slender Man: Pesadelo Sem Rosto é mais um dentro do rol de filmes que poderiam (e mereciam) cair nas sátiras de Todo Mundo em Pânico, pois não acrescenta em nada e entretém quase nada também. O filme não diverte, não assusta de verdade e caminha para o abismo cinematográfico numa mescla de tédio com irritação, além das várias indagações que ficam sem resposta. Vale a ida ao cinema? Talvez só para certificar que não é o tipo de filme que se assiste duas vezes.

Slender Man: Pesadelo Sem Rosto estreia nesta quinta-feira, 23 de agosto. Confira o trailer:

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