Design Psicologia das formas como o designer devia aprender

Psicologia das formas como o designer devia aprender

Por Mélio Tinga

O título acima é um tanto que pretensioso, no mínimo promissor. O facto é que resulta de uma reflexão e observação contínua sobre a construção de identidades visuais (e não só). Já que elas permitem-nos num piscar verificar elementos como: tipografia, cores e formas agregados como dedos em um punho. Estes três principais elementos do design gráfico, para que projecto seja consistente, precisam fazer algum sentido entre si e transmitir a mesma mensagem ao consumidor. O papel do designer é o de construir uma linguagem, através de técnicas, ele transforma o que seria dito em cinco páginas em uma solução visual, cujo objectivo é transmitir o espírito, a crença e a visão da empresa, serviço, produto ou do evento.

O título deste texto, no fundo poderia ser explicado em um parágrafo. Mas a sua compreensão é que constitui o grande entrave. Porque compreender o que as palavras dizem e converter isso em formas exige do designer estudo e experiência. No projecto, o ideal é que nada esteja por acaso, ou porque o designer simpatizou, ou porque o quadrado lhe lembra um grande amor, ou talvez porque o triângulo lhe dá esperança. O pensamento deverá estar voltado entre o que a forma transmite e o que a empresa é. Vezes existem em que é seu cliente a dizer que “gostaria de ter um círculo aqui ou ali”. Nestes casos costumo me questionar se ele sugere ao médico que no lugar de picar no braço pique no pescoço. Esse é um exemplo um tanto radical, mas creio que fica claro o que pretendo dizer: o designer precisa de ouvir o cliente e tomar o que para ele é a decisão certa e ideal para o projecto. E ponto.

Formas são como roupa!

Quando imagino um designer a estudar as formas para um determinado uso, penso que é como como escolher as roupas. Elas dizem muito sobre nós. As formas dizem muito mais sobre a coisa que estamos a representar. Quando digo coisa não é no sentido inútil, digo coisa para referir-me a qualquer “coisa” que precisemos representar. (Naquele “coisa” entre aspas, por favor substitua por elemento. E vai desculpar-me por dar esse trabalho).

A percepção das formas é uma psicológica. Na essência não existe. Por isso que designamos psicologia das formas. É o modo como apreendemos. A forma como codificamos e interiorizamos. Do mesmo modo que o vermelho pode significar amor, sangue, energia, as formas ganham seus sentidos, e deve ser esse o sentido que o designer precisa aprender. Ao escolhemos a cor azul, devemos saber porquê. Quando escolhemos uma linha, idem. Ao escolhermos um elemento a pergunta que se segue deve ser: porquê? Uma palavra de seis letras parece uma “coisa” inútil numa situação como esta, mas se soubermos dizer alguma “coisa” a ela, as “coisas” começam a ganhar sentido. Desculpe-me esse “coisa” e “coisas”.

Então, o que quer dizer o bico de pato?

O bico de pato não sei. Confesso que não sei mesmo! Mas também, esse não é o assunto deste artigo. Por isso vamos ao que realmente nos parece neste momento útil: o que nos dizem as formas?

a) As formas redondas, curvas, circulares estão associadas à: harmonia, feminilidade, naturalidade, protecção, ternura, calidez, energia positiva, universalidade, suave, unidade, sentimento de pertinência, relações harmónicas, amor, amistoso e emocional.

b) Formas angulosas, triângulos estão associados à: Masculinidade, equilíbrio, poder, profissionalismo, eficiência, inovação, modernidade, vitalidade, tecnologia, dinamismo, energia, crescimento, enfoque.

c) Formas rectangulares e quadrangulares estão ligados à: solidez, fortaleza, segurança, confiança, organização, estabilidade, racional, duro, resistência, rigor, ordem, realismo, honestidade e compromisso.

d) Linhas verticais estão associadas à força, eficiência e progresso.

e) Linhas horizontais transmitem estabilidade, confiança e tranquilidade.

f) Linha diagonal ascendente associa-se ao movimento positivo, dinamismo, crescimento. Diagonais descendentes estão ligadas ao movimento negativo, tristeza e regresso.

Um dedo sozinho não funciona!

As formas deverão ser associadas às cores, que também tem seus significados, e à tipografia para completar a ideia por detrás de um projecto. É importante que os outros elementos estejam ligados a ideia geral que se pretende transmitir. A serem diferentes é como: ter um calçado formal, uma camiseta de lazer e uns calções usando um tecido para calças formais no corpo de um homem sério.

Nada deverá ser por acaso. O design tem um objectivo, não é um processo de estar-se a adivinhar, “vhumbathar”. As decisões deverão ser conscientes, objectivas e precisam ser justificadas, deverão ser racionais, e muito bem alinhadas com o que se pede.

O facto de tudo isso ser psicológico gera uma série de problemas, pois muitas destas coisas a escola não nos ensina, resultam de um processo de auto-reflexão e auto-questionamento. Acho que está dito o modo como o designer devia aprender a psicologia das formas. Ainda me descubro cá a falar como um pai natal…

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