To Leslie: O Oscar e sua resistência ao novo!

To Leslie: O Oscar e sua resistência ao novo!

Por Oliver Pontes

No próximo dia 12 de março, o Oscar chegará a sua edição de número 95. Criado em 1927 pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, é a mais conhecida e respeitada premiação da Sétima Arte. Pensar em Oscar é automaticamente pensar em glamour, quase um certificado de talento e aclamação, e claro, no careca dourado mais conhecido do mundo.

Mas no auge de quase um século de existência, a Academia volta e meia sempre se envolve em polêmicas e muitas delas são voltadas para o tema do “aceitar o novo”. Em 1940 por exemplo, a atriz Hattie McDaniel, primeira pessoa negra a ganhar a estatueta pelo clássico …E o Vento levou, precisou de autorização especial para receber o prêmio, foi colocada em uma mesa separada do resto dos participantes e ainda foi proibida de aparecer nas fotos da edição daquele ano.

Além disso, só 80 anos depois desse acontecimento triste na história do Oscar foi que o primeiro filme de língua não-inglesa recebeu o prêmio de Melhor Filme, o impactante e excelente Parasita. Mas as questões problemáticas da Academia vão além das raciais, étnicas e culturais.

Neste ano, dentre as indicadas na categoria de Melhor Atriz, existe um nome que vem se destacando por um motivo bastante peculiar: a Andrea Riseborough no filme To Leslie. E que motivo seria esse? A forma que a campanha para a sua indicação foi feita.

Andrea Riseborough

Ao contrário do modelo padrão de campanha que é feita baseada em altas quantias de dinheiro que os estúdios e produtoras investem para promover um filme ou uma atuação, no caso da Andrea isso não ocorreu. Seu filme que conseguiu uma bilheteria muito singela de pouco mais de 20 milhões de dólares até o fim do ano passado, conquistou a simpatia de grandes nomes do Cinema como Gwyneth Paltrow, Edward Norton e sua mais engajada apoiadora, Kate Winslet que disse em alto e bom som ser a melhor atuação que já viu em sua vida. Andrea tirou dinheiro de seu próprio bolso para alavancar seu nome, com a ajuda de seus pares e principalmente das redes sociais, organicamente teve talvez a mais bem sucedida campanha que a Academia já viu. Especulou-se até se a sua indicação seria anulada, mas a Academia já se pronunciou garantindo a permanência do seu nome na categoria.

Sobretudo, sabe-se que atualmente o maior mercado está nas redes sociais, com seu vasto poder de promover produtos de grandes marcas e até pequenas empresas, o Oscar sendo um grande nome que promove artes cinematográficas (seu maior produto), deveria se adequar ao novo, sabendo que grande parte do seu público espectador está consumindo produtos dentro das mídias digitais. Uma nova maneira de promover uma nomeação poderia estar em pauta em pleno 2023, onde grande parte do público assiste a premiação através de canais que estão nas mídias digitais. Talvez To Leslie seja um início de uma revolução na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

O Oscar, sendo uma instituição quase centenária, precisa acompanhar a evolução dos tempos. Nos seus primórdios sua transmissão era pelo rádio, pois era o veículo mais popular da época, com a chegada da televisão, pôde-se assistir a premiação diante dos nossos olhos. Agora a revolução (e talvez a maior de todas já vistas) é a internet e com ela as redes sociais, e é mais que natural que a premiação se adeque a ela, a utilizando inclusive ao seu favor, não se tornando uma coisa antiquada, esquecida no passado, mas sim, apesar de tantos anos de existência, ainda sendo relevante, gerando interesse de debate. Assim como o próprio Cinema que sempre se renovou com movimentos artísticos revolucionários, tecnologias de ponta, temáticas sociais relevantes, a maior premiação voltada para ele também precisa fazer o mesmo, para que ambos sejam ícones eternizados na cultura.

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