Quando pensamos em animação logo associamos a animação 3D e a computação gráfica, porém ela vai muito além disso, por isso nessa matéria vamos saber um pouco mais sobre a sua história e evolução.
O primeiro filme que temos conhecimento da presença da animação foi “O Desenho Encantado” de 1900, que seria uma espécie de animação com live-action, onde temos uma pessoa interagindo com um desenho. Logo depois temos um outro curta-metragem em 1906 com o nome de “Frases cômicas de caras engraçadas”, sendo esse considerado por historiadores como o primeiro filme de animação realizado com suporte fotográfico.
Cena do curta-metragem “Frases cômicas de caras engraçadas” (Foto: www.intanibase.com)
Em 1908 temos “Fantasmagorie” animado por Émile Cohl, esse sim já bem próximo do tipo de animação tradicional, sendo desenhado no papel e copiado no negativo.
A animação ganhou força e curtas-metragens começaram a surgir em vários países, mas foi nos Estados Unidos que nasceu um dos principais estúdios daquela época, o estúdio Sullivan.
O estúdio começou a ganhar fama com seus curtas-metragens sendo exibidos antes dos filmes nos cinemas em todo o país, mas foi em 1919 com a criação do personagem gato Félix que o estúdio se consagrou.
Gato Félix e Charlie Chaplin (Foto: www.trueclassics.net)
Nessa mesma época o estúdio fez parceria com a distribuidora de filmes M. J. Wrinkler e tornou o sucesso do gato Félix mundial. Sullivan se tornou referência para outros estúdios menores de Hollywood, sendo um deles comandado pelo homem que mudaria a história da animação para sempre, Walt Disney.
Naquela época o estúdio de Disney produzia uma série de curtas com animação e live-action que se chamava “Alice”, totalmente inspirado em “Alice no País das Maravilhas”. A interação de pessoas com desenhos animados se tornou um grande sucesso e logo ele também fechou contrato com a M. J. Wrinkler.
Depois disso Walt Disney junto com sua equipe criou o personagem Oswald, um coelho divertido no mesmo estilo do gato Félix, personagem que garantiu contratos melhores para o seu estúdio.
O que ele não sabia era que os direitos dos seus projetos não tinham sua assinatura como criador e a sua distribuidora ficou com todos os direitos de suas criações, seus projetos futuros e até mesmo os seus desenhistas. É importante lembrar que muitos desses desenhistas que saíram de seu estúdio nessa época foram responsáveis depois pela criação dos curtas Merrie Melodies, que mais tarde dariam origem aos Looney Tunes da Warner Brothers.
Walt Disney ficou arrasado com essa situação dos direitos autorais, mas ainda tinha uma carta na manga, um camundongo que ele tinha desenhado com base em figuras geométricas no qual o batizou como Mickey Mouse.
Walt Disney ao lado de algumas crianças (Foto: www.waltdisney.com/walt-disney)
Com esse personagem Disney conseguiu abrir as portas para transformar a animação na indústria que conhecemos hoje, onde desenvolveu uma fórmula infalível, adaptar contos infantis em desenhos animados.
Em 1937 os estúdios Disney lança o filme “Branca de Neve e os Sete Anões”, ganhando o título de primeiro longa-metragem de animação da história. Com esse feito, seu estúdio começou a ditar tendência no mercado, trazendo várias inovações, sendo uma delas a câmera multiplano.
Essa câmera simulava o paralax em suas animações, esse efeito gerava a impressão de objetos se movendo de forma independente na tela, algo que era revolucionário para os demais estúdios. Foi Walt Disney também que ajudou a fundar a CalArts – California Institute of the Arts em 1961, sendo essa uma das primeiras escolas com foco no mercado de animação.
Talvez esse tenha sido uma da últimas contribuições de Disney para com o mercado de desenhos animados, pois ele faleceu em 1966, cinco anos depois da inauguração da escola.
CalArts – California Institute of the Arts (Foto: www.calarts.edu)
A CalArts tinha como objetivo principal formar novos profissionais para trabalhar nos estúdios do Walt Disney, já que seus animadores já estavam ficando mais velhos e se aposentando. Novos talentos surgiram na escola ao passar dos anos, um deles foi o jovem aluno John Lasseter, que logo se destacou em sua turma e foi chamado para trabalhar nos estúdios Disney.
No estúdio ele participou de vários projetos como animador, mas o que realmente chamou a atenção dele foi o filme “Tron” de 1982. Foi nesse filme que Lasseter conheceu a computação gráfica e ficou apaixonado pela tecnologia, não demorou muito para que ele tivesse o interesse de utilizar a mesma em seus projetos.
O que ele não esperava era a repercussão negativa que isso gerou nos estúdios Disney, pois os animadores mais velhos achavam que a computação gráfica viria para substituir o trabalho deles, por essa razão, Lasseter acabou sendo demitido.
Por conta do seu imenso talento como animador, Lasseter foi convidado pela Lucasfilm para começar um setor de pesquisa sobre computação gráfica no estúdio. Foi nesse setor que ele começou a desenvolver as suas primeiras animações totalmente feitas com computador.
Mas como nada foi muito fácil na vida de Lasseter, ele se deparou com outro problema, esse setor começou a ficar muito caro para a Lucasfilm conseguir manter, por isso teria que ser fechado. Foi então que apareceu Steve Jobs, conhecido por ser um dos fundadores da Apple, logo se interessou em investir em Lasseter e na sua equipe, já que achava a ideia da computação gráfica inovadora.
Desse investimento surgiu a Pixar, estúdio responsável por criar em 1995 o filme “Toy Story”, considerado como o primeira longa-metragem feito totalmente em computação gráfica da história.
John Lasseter (Foto: www.imagineeringdisney.com)
A Pixar se tornou referência na animação e logo despertou na Disney o interesse de compra-lá. Depois disso outros estúdios surgiram inspirados na Pixar, como a DreamWorks Animation e a Blue Sky Studios.
A animação correu um longo caminho para chegar no que conhecemos hoje, mas não podemos nos esquecer nunca de tudo isso que foi feito, pois vai muito além do mercado, animação é uma forma de arte.
“A arte desafia a tecnologia, a tecnologia inspira a arte!” – John Lasseter