Comportamento A Revolução da Propaganda: As Novas Formas de Chamar Atenção de Consumidores

A Revolução da Propaganda: As Novas Formas de Chamar Atenção de Consumidores

Por jessicaalcantara

Nas escolas superiores de marketing, publicidade e propaganda, é corriqueiro o uso da expressão “o jornalismo é um puxadinho do marketing”, e ao se deparar com tal expressão é necessário fazer uma reflexão sobre como, de fato, toda a estrutura social em que o mundo desenvolvido e globalizado se baseia atualmente é em prol de fazer o capital girar. Um bom vendedor consegue vender areia no deserto, da mesma forma que um bom profissional de marketing consegue fazer os pais entenderem que seus filhos não precisam passar o dia inteiro alienados em dispositivos eletrônicos, focados apenas em jogos, e aproveitar essa oportunidade para vender cursos de educação financeira para crianças, por exemplo. 

O marketing, a propaganda e o ímpeto de vender, não devem ser vistos como vilões prontos para roubar o suado dinheiro do trabalhador, mas sim, como possibilitadores e impulsionadores de todo o comércio mundial. Conscientização, lazer, práticas mais saudáveis, alimentações alternativas e diversas outras possibilidades positivas, são vendidas como ideias próprias do consumidor, e é nessa função que o marketing orgânico se estabelece. Mas, antes de discorrer mais profundamente sobre o assunto, e desenvolver o tema do quando houve a evolução do marketing boca a boca até o digital, é necessário entender que, mesmo que de forma superficial, a ideia de consumo e de dinheiro são forças motrizes da sociedade.

Sociedade: Do consumo ao Cansaço

Ao se perceber a realidade que permeia o cidadão comum, pouco se pensa nos largos passos dados como sociedade e cultura para se chegar aqui e agora.  Para se ter um panorama da escala e da velocidade de tal evolução, em 2010 estreou nos cinemas de todo o mundo o filme Avatar, que revolucionou a captura de movimento e a tecnologia 3D. 

10 anos depois, no ano de 2020, é lançado o Osso VR, treinamento virtual para cirurgias em ambiente de risco ou extrema precisão. Essas evoluções tecnológicas surgiram de forma galopante na realidade do cidadão médio, de forma que toda e qualquer novidade não somente não é mais estranha ou revolucionária, como é rapidamente inserida no dia a dia.  Um bom exemplo disso é a tecnologia das transações bancárias chamadas de “PIX”, que em pouco tempo caiu nas graças da população nacional. Todavia, cada evolução traz seus contrapontos, e é exatamente nesse contexto que pode se refletir quanto aos conceitos de sociedade de consumo e de cansaço. 

A sociedade de consumo é um conceito iniciado na escola de Frankfurt por Theodor W. Adorno, e posteriormente mais explorada por Zygmunt Bauman. Um breve resumo de tal conceito é que a relação entre a dinamicidade de desenvolvimento de novos produtos e o aumento de capital foi percebido pelos produtores e fornecedores, havendo então uma necessidade de condicionar o cidadão a deixar de ser um indivíduo pensante e crítico e transformá-lo em um consumidor em potencial.  Bauman ainda diz que o indivíduo antes de cidadão é um produto, uma vez que vende sua força de trabalho para poder obter um capital que irá empenhar em algum item de desejo, o qual foi implantado pela propaganda, para apenas assim se validar como membro da sociedade. 

O ciclo vicioso de produção e consumo é uma ideia que se estabelece. 

O cidadão trabalha para gerar lucro para seu empregador. Uma pequena parcela desse lucro é devolvida a ele e a indústria cultural, que vende a ideia do padrão ideal de vida e o faz acreditar que deve consumir para ser alguém. Então, o lucro que a ele chega pela venda de sua força de trabalho é entregue a outro empresário, graças a um ideal de consumo que não é inato da existência do ser humano, mas sim da existência da sociedade nos moldes em que ela existe. É nessa alçada que se baseia a sociedade do cansaço, de Byung Chul Han, que reflete sobre a sensação de pertencimento sendo atrelada a sensação de produção. 

Basicamente, quanto mais se trabalha, teoricamente mais capital se acumula, assim como, mais exaustão. Sem tempo e nem energia para desenvolver um pensamento crítico, o sujeito fica suscetível a informações externas que não consegue apurar o bastante, para elaborar sua própria opinião de forma justa. 

É um conceito simples de imaginar.

Em um breve exemplo: Um trabalhador faz uma jornada de 10 horas, chega em casa e encontra uma tomada de contas a pagar. Senta-se em frente à televisão e vai assistir seu programa preferido em algum streaming por assinatura ou em um Htv h8. Nesses modos de produção artística quase não se tem comerciais, então a ideia de consumo que é vendida ao expectador é o padrão de vida que os personagens levam. 

Uma família feliz, em uma casa bonita, carros novos, joias, roupas, produtos que despertam o desejo do trabalhador que, diante de seu cansaço, entende merecer aquilo também.

O Novo Marketing Para Um Novo Mundo

A crítica feita ao modelo antigo de marketing e propaganda é vender subliminarmente ideais inalcançáveis de padrão de vida.  Hoje em dia, indo de contraponto ao senso comum, tem-se a realidade que diante do maior nível de informação, produtos e possibilidades, a sociedade ficou muito mais crítica e com muito mais acesso à informação. Tem-se essa noção ao procurar em portais de busca como o Google, uma resenha sobre marketing, e será possível perceber que toda a dinâmica envolvendo a publicidade é apresentada de forma diferente do que era feito a anos atrás.

Marketing sustentável, Marketing 4.0 ou Marketing Orgânico, são novos métodos que atuam com a percepção de que o consumidor está muito mais crítico e cansado dos modelos antigos de propaganda que tentam forçar uma ideia de perfeição e necessidade que já não convencem o público atual. Muitas vezes, o aprendizado sobre eles começa através de um curso afiliado, que dá início ao futuro profissional de quem se interessa por marketing, ensinando técnicas de como vender um produto ou uma ideia ao mesmo tempo em que desenvolve uma ideia socialmente relevante, conduzindo um conteúdo que, de fato, apresente o que está sendo vendido, mas não única e exclusivamente isso.

Um dos novos métodos que foram citados é o SEO, que estuda e aplica formas de colocar um site, seja ele de vendas ou até jornalístico, no topo das buscas de sites como o Google. Um dos nomes mais importantes desse mercado atualmente é Bruna Bozano, que atua no segmento há quase duas décadas. Segundo a especialista, SEO é uma engenharia pouco conhecida pelos consumidores, mas palavra chave, de altíssima relevância, para todos os empreendedores que atuam no universo digital.

O que ele tem a ver com o marketing?

Tudo.

E além disso, ainda traz à tona o debate da subliminaridade, pois o cliente não sabe que foi “induzido” a visitar um site “X” ou “Y”, ele simplesmente “encontra” uma página posicionada na primeira ou segunda posição na página do Google, acessa-a e consome o que ali está sendo oferecido. Segundo o portal Diário Seguro, o desconhecimento do cliente sobre isso é que, na verdade, aquele site não aparece ali, na primeira resposta do buscador, de forma aleatória.

Para que ele apareça bem posicionado nos sites de busca, existe um enorme trabalho de engenharia e marketing envolvido. É preciso comprar links em outros sites, escrever conteúdos de alta qualidade, originais e muitas vezes, extensos. É necessário analisar concorrentes e utilizar ferramentas que, muitas vezes, custam centenas de dólares (ou milhares, quando usadas em conjunto), e diversas outras estratégias e técnicas para fazer o que o marketing, como um todo, tem como objetivo: conduzir o público ao consumo.

Aceitação Nas Redes Sociais

Outro modelo orgânico e muito aceito atualmente, caracterizado pelo desenvolvimento que as redes sociais tiveram, é o marketing de influenciadores, em que empresas utilizam de nomes já confiáveis das redes sociais para apresentarem a proposta de seu produto a consumidores e usuários no geral. Uma pesquisa feita pelo The Influence Marketing Hub levantou dados referentes a esse método, mostrando o quão rentável é esse mercado. Estima-se que as empresas estão ganhando 5,20 dólares para cada dólar investido nessa modalidade, o que gera não somente um ambiente saudável e familiar para o usuário das redes sociais a ter acesso aos produtos, mas também fomenta essa profissão que há pouco era desacreditada.  O site Wondershare levantou dados dos youtubers mais ricos da plataforma, chegando no nome de Daniel Middleton (DanTDM), detentor de um patrimônio líquido de 16.5 milhões de dólares em 2019. Esse é apenas um exemplo da rentabilidade da profissão. E por mais que possa não parecer, esse ainda é um mercado onde há espaço para novos influenciadores. 

Considerando os dados das agências Statista e Hootsuite, mais de 43% da população brasileira já comprou por influência de celebridades e influenciadores digitais.  Esses números estão, de certa forma, contrapostos aos dados apresentados pela Mediakix que, em 2019, apurou que 61% dos profissionais de marketing entrevistados encontraram dificuldade em encontrar influenciadores relevantes para uma campanha mais séria.

Fato é: Existe ainda muito mercado para o marketing, tanto o que há por trás quanto o que se faz diante das câmeras. Isso por conta, principalmente, do novo método de confiança em que a venda de produtos se estabelece com o consumidor final, que quer ter diante de si os dados necessários para fazer uma avaliação crítica e justa para poder empenhar seu capital.

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