Transformando a educação com Design Instrucional

Transformando a educação com Design Instrucional

Planejar e criar experiências de aprendizagem também é trabalho de designer.

Por Fellipe Câmara

Você bem já sabe que um dos objetivos do design é prover soluções que transformem a experiência humana em diversos contextos como aplicativos, serviços, bens, interiores, varejo e muito mais. Em meio a tantas perspectivas do design, há uma em específico que venho destacar nesse texto: o design instrucional.

O design instrucional é uma disciplina que desempenha um papel essencial na criação de experiências de aprendizagem eficazes e envolventes. Trata-se de um processo de planejamento e desenvolvimento de materiais didáticos que são projetados para promover a aquisição de conhecimento e habilidades de forma eficiente e significativa. Para tanto, o designer combina conceitos pedagógicos, teorias de aprendizagem e princípios do design para dar suporte visual a cursos, treinamentos e outros recursos educacionais que atendam às necessidades dos estudantes. O profissional dessa área pode, também, trabalhar em projetos de edutainment

Essa vertente do design envolve diversos contextos educacionais, indo de instituições de ensino tradicionais a empresas que buscam capacitar seus funcionários. No meio acadêmico, o designer instrucional trabalha junto a educadores para desenvolver currículos, materiais didáticos e ambientes virtuais de aprendizagem, visando otimizar a experiência e melhorar o engajamento dos estudantes ao longo do curso. Nas organizações, por sua vez, o trabalho é realizado junto ao setor de recursos humanos para criar programas de treinamento, onboarding e desenvolvimento de funcionários para reskilling, upskilling e/ou outskilling, utilizando abordagens inovadoras que maximizam a retenção de talentos e a construção de experiências positivas marcantes no ambiente de trabalho. Já falamos sobre este último aqui.

Segundo Andrea Filatro, renomada pesquisadora da área, o designer instrucional se relaciona com três áreas do conhecimento: Ciências Humanas, Ciências da Informação e Ciências da Administração. É devido a essas interações com várias áreas do conhecimento que este profissional desempenha um papel crucial no planejamento estratégico das iniciativas educacionais. Sua habilidade em conduzir um projeto educativo abrange desde a fase de análise até a avaliação dos resultados.

Em termos de habilidades (hard skills), a depender do cargo que ocupa e dos objetivos do projeto, o designer instrucional deve dominar princípios de comunicação visual, UI design, prototipagem, gestão de produtos, acessibilidade digital e conteúdo audiovisual, dentre outros. Mas seus atributos vão além: precisa ter uma sólida base de conhecimento em pedagogia, psicologia da aprendizagem e tecnologias educacionais. Assim, não raro, os profissionais da área possuem formação em Educação, Design Gráfico, Ciência da Computação ou áreas relacionadas. 

ENTENDENDO O PÚBLICO-ALVO

O designer instrucional, por padrão, possui dois públicos-alvo: os professores responsáveis pelo conteúdo didático e as pessoas a quem se destina o curso (estudantes ou funcionários de uma empresa). Assim como em qualquer área do design, faz-se necessário compreender esses públicos para realizar entregas assertivas. No caso dos docentes, o designer instrucional precisa saber interpretar adequadamente o conteúdo de modo que consiga adaptar a informação em uma comunicação visual adequada aos objetivos do curso, envolvendo eventuais tecnologias que ajudem a entregar uma experiência marcante ao estudante.

É em parceria com os professores que o designer instrucional vai definir se determinado conteúdo funciona melhor como um infográfico, uma animação, uma atividade gamificada ou uma apresentação de slides, por exemplo. Em relação ao público final, por sua vez, é necessário ter conhecimento de dados relevantes como quais os dispositivos que o estudante utiliza, que tipo de material desperta mais seu interesse e se há alguma restrição cognitiva.

É preciso ter em mente aonde os alunos devem ou pretendem chegar.

Na rotina de trabalho, diversas metodologias, modelos e ferramentas podem ser utilizadas de acordo com as necessidades e objetivos do projeto. Dentre as principais estão: Design Thinking, mapa da empatia, Taxonomia de Bloom, modelo ADDIE (Análise, Design, Desenvolvimento, Implementação e Avaliação), Modelo Ágile, Modelo ASSURE (Analisar, Estabelecer objetivos, Selecionar métodos, Utilizar métodos, Requerer participação e Avaliar), Os 9 eventos de instrução de Gagné, Princípios de Instrução Merrill e o Modelo de Design Instrucional Kemp.

APLICANDO

O design instrucional pode ser aplicado de diversas formas. Imagine um curso online: ele precisa de um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) no qual serão disponibilizados todos os materiais didáticos e atividades, bem como viabilizar a comunicação entre estudantes e docentes. O Moodle é um exemplo de Plataforma de Experiência de Aprendizagem (LXP, em inglês) que permite a criação de AVA´s gratuitos.

Neste ambiente virtual do curso online há ainda textos, ilustrações, vídeos, apostilas, atividades interativas e medalhas que compõem a trilha de aprendizagem. Isso sem mencionar a própria identidade visual e a interface do curso na plataforma escolhida.

MENSURANDO

Todo projeto precisa realizar a mensuração dos resultados obtidos para avaliar seu nível de êxito, seja através da coleta de dados ou feedbacks. No âmbito educacional não seria diferente. O Modelo proposto por Donald Kirkpatrick na década de 1950 é um dos mais utilizados nas estratégias educacionais e traz quatro níveis de mensuração que são: Reação, Aprendizado, Comportamento e Resultados.

O modelo original proposto por Donald Kirkpatrick.

Em resumo, o design instrucional é essencial para a criação de experiências de aprendizagem eficazes. Ele se aplica em diversos contextos educacionais e exige uma combinação de conhecimentos pedagógicos, teóricos e tecnológicos. Se você tem interesse em se tornar um(a) profissional da área, é importante investir em sua formação acadêmica e acompanhar as tendências e inovações na área. Sugiro começar lendo as obras da professora pesquisadora Andrea Filatro. No mais, o que posso dizer é que o design instrucional tem o poder de transformar a vida das pessoas através da educação, com possibilidades criativas tão legais quanto as outras áreas do design.

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