O filme “Grande Sertão” chega aos cinemas em 6 de junho, estrelado por Caio Blat e Luisa Arraes, e é uma adaptação ambiciosa do romance de Guimarães Rosa. Este lançamento é uma versão definitiva da obra literária, trazendo para a tela toda a complexidade e beleza do texto original. Guimarães Rosa, autor de clássicos como “Grande Sertão: Veredas” e “Sagarana”, é conhecido por seu estilo literário rebuscado e de alta qualidade gramatical, o que sempre representou um desafio para adaptações cinematográficas. No entanto, “Grande Sertão” promete mudar isso, aproximando a obra do cotidiano do brasileiro comum.
Ambientado em um território distópico atemporal repleto de guetos, favelas e facções, o filme narra a história do professor Riobaldo (Caio Blat), que tenta sobreviver no Sertão dominado pelo bando de Joca Ramiro (Rodrigo Lombardi). A trama se intensifica quando uma aluna de Riobaldo é baleada, levando-o a conhecer Otacília (Mariana Nunes), mãe da menina, e a reencontrar seu amigo de infância, Diadorim (Luisa Arraes). Esses encontros levam Riobaldo a repensar sua visão de mundo, especialmente quando uma guerra explode, liderada por Hermógenes (Eduardo Sterblitch) e enfrentada pelo comandante do exército, Zé Bebelo (Luís Miranda). Riobaldo deve então encontrar a coragem dentro de si enquanto tenta entender seus sentimentos por Diadorim.
“Grande Sertão” se destaca por conseguir adaptar uma obra extensa, de cerca de 740 páginas, para um filme de menos de duas horas. O longa traduz a guerra dos sertanejos, dos cangaceiros versus jagunços e coronéis, para uma linguagem contemporânea e urbana, traçando paralelos com a violência nas capitais metropolitanas do Brasil. A caracterização dos personagens é impressionante, com figurinos e maquiagens que transformam os atores de maneira surpreendente. Rodrigo Lombardi, por exemplo, está quase irreconhecível em seu papel.
Caio Blat, que já interpretou Riobaldo em uma peça teatral e no filme “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho”, traz uma performance madura e complexa após anos convivendo com o personagem. Luisa Arraes, como Diadorim, surpreende com sua intensidade e força, entregando uma interpretação memorável. A fotografia de Gustavo Hadba é outro destaque, com iluminação e ângulos que capturam a essência da narrativa, enquanto a montagem rápida imprime um ritmo frenético à produção.
Dirigido por Guel Arraes, “Grande Sertão” é uma obra-prima do cinema brasileiro. Este filme é a ferramenta perfeita para os professores animarem os estudantes a lerem Guimarães Rosa, que certamente aprovaria esta adaptação. “Grande Sertão” é um exemplo brilhante de cinema-arte, demonstrando a atemporalidade e a qualidade da literatura e do cinema no Brasil. É uma produção que emociona e fascina, garantindo seu lugar entre as grandes adaptações literárias do cinema.