A cultura do carteado está enraizada na sociedade brasileira. Não só na tradição com os familiares, mas na modernidade as cartas não estão perdendo espaço com o advento da tecnologia que traz jogos populares para os computadores e Smartphones, como paciência, poker e buraco. No Brasil, por exemplo, o baralho tem o dia nacional, comemorado em 13 de setembro. Sendo uma parte tão presente na nossa cultura, você já parou para analisar o design das cartas?
Os primórdios
Primeiro, um pouco de história. Não há uma certeza sobre a origem do baralho. O que se sabe é que as cartas existem há muito tempo, e que se trata de jogos que estão inseridos na sociedade desde a época medieval. Há relatos que datam o começo dessa trajetória no século X, inventado na China, e outros acreditam que se iniciou mais tarde, com os mamelucos no século XIII.
A origem é incerta, mas o fato é que os relatos concisos da prática do jogo de cartas na Europa a partir do século XIV, com a popularização acontecendo em massa um século mais tarde. Ou seja, são pelo menos 600 anos de baralho no velho mundo, uma tradição muito forte no continente.
A popularização do baralho na Europa aconteceu com o design parecido com que conhecemos hoje. O que facilitou foi a produção mais genérica, pois nos primórdios, as primeiras cartas eram fabricadas com detalhes minuciosos e tudo à mão. Além disso, o papel começou a ser utilizado com mais frequência a partir de 1400, para baratear a produção. Os franceses aprimoraram os naipes das cartas que eram utilizadas na Espanha, assim remodelando para o padrão atual — copas, espadas, paus e ouros.
Simetria
A simetria torna o jogo mais atrativo para os jogadores, pois não é necessário ficar ajustando a carta nas mãos para obter a visualização completa sobre o que aquilo se trata. Sendo assim, a maioria das cartas são simétricas, e que mesmo trocando de lado (cima ou baixo) não é possível perceber a mudança.
Uma curiosidade é que o valete, dama e rei eram, nas primeiras versões, ilustrados em carta completa. Isso mudou no século XIX, quando houve uma simetria que permitiu com que essas cartas fossem reconhecidas independente da posição na mão.
Significado e outras curiosidades
As figuras nas cartas não são aleatórias, elas apresentam muito significado. O rei de ouros, por exemplo, representa o famoso Júlio Cesar, do Império Romano.
Além de Júlio Cesar, outras figuras históricas na humanidade, como rei Davi (rei de espadas), Alexandre, o Grande (rei de paus), rei Carlos Magno (rei de copas) e Napoleão Bonaparte (valete de espadas) são representadas nas cartas.
SOURCE: Manual do mundo
O curinga, no entanto, não tem um significado fixo, e é encarado pelo tradicional como palhaço dos castelos medievais. Ele traz a neutralidade, muitas vezes significa o zero ou carta nula em muitos jogos.
Já o ás veio do baralho francês, também como uma evolução do que era jogado pelos espanhóis. Ele é diferente das demais cartas, não há simetria, pois apresenta apenas um símbolo no meio da carta. Geralmente o ás de espadas é composto por uma ilustração grande, maior do que qualquer outro naipe.
É comum em vários jogos de baralho o ás ser a carta mais alta, como acontece no poker tradicional. No entanto, como pode haver variações desse mesmo esporte, convém notar que por vezes a mão vencedora pode ser justamente a que não tem o ás. Existem variações em que a “pior” mão é a que leva o pote, como no Omaha Hi/Lo.
Há algumas curiosidades que chamam atenção no baralho, designs que se destacam de outras cartas. Por exemplo, há três reis com só uma face do rosto, sendo eles o valete de espadas (Napoleão Bonaparte), valete de copas (Étienne de Vignolles) e o rei de ouros (Júlio César).
Como você percebeu, o significado do baralho vai muito além de símbolos aleatórios que foram compostos para dar sentido ao jogo, é uma junção de história e design que tornam as cartas ainda mais especiais e atrativas.
