Psiquê codificada: a alma sob o olhar da Inteligência Artificial

Psiquê codificada: a alma sob o olhar da Inteligência Artificial

Por Oliver Pontes

A cada ano que se passa é notória a crescente avalanche sobre inteligência artificial, e de como a descoberta dessa tecnologia vem sendo utilizada como ferramenta em várias áreas, até na saúde. A alternativa para terapias com IA já são realidades, através da qual emerge a discussão sobre a preocupação com a saúde mental.

Um exemplo interessante dentro do match entre IA + Saúde foi apresentado por pesquisadores da USP: o desenvolvimento de um modelo de IA capaz de ler as entrelinhas de postagens no Twitter para detectar sinais sutis de depressão e ansiedade. A apresentação mostrou que o projeto não apenas busca padrões linguísticos, mas também reflete sobre comportamentos que se revelam, muitas vezes, nas palavras (ou na ausência delas).

Em um mundo digital onde emoções são expressas em alguns caracteres, os algoritmos se tornam as lentes que reconstroem a complexidade emocional de um indivíduo. E a questão é: até que ponto eles compreendem o que está sendo dito? Ou melhor, até que ponto nós, seres humanos, estamos dispostos a permitir que nossas vulnerabilidades sejam capturadas e analisadas por códigos e servidores?

Foto: Freepik

“Não estou preparada para contar toda a verdade. Por enquanto só quero que saibam que dá para ter depressão e ir a festas, trabalhar bem. Mas se alguém te diz que está mal: ouça. Eu raramente recebo acolhimento”, diz sobre sua experiência
digital….”

Veja mais em UOL.

Tweets como o de Adriana, citado numa matéria da UOL, são usados na pesquisa dos estudantes da USP, dentre esse existem milhares de confissões que ajudaram no desenvolvimento da tecnologia.

Na pesquisa piloto que antecedeu o projeto agora em curso, foram usadas imagens de vídeos de 66 adultos jovens da cidade de São Paulo. A partir da análise do material, um algoritmo de inteligência artificial determinou com 80% de exatidão quais os indivíduos que estavam em risco de desenvolver um transtorno mental grave.

POR Cilene Pereira, em matéria na revista VEJA.

Em resposta a essas questões, ferramentas como Woebot, Wysa e Youper surgem, oferecendo apoio emocional por meio de chatbots. Estes, imersos em técnicas de terapia cognitivo-comportamental, criam um espaço seguro onde os usuários podem expressar seus sentimentos e receber orientações práticas. No Brasil, a Vibe Saúde lançou a Vivi, uma assistente de IA que já conquistou milhares de usuários e promete ser a amiga digital que o paciente nunca teve. A proposta é atraente, mas, mais uma vez, a questão ética surge: até que ponto podemos confiar em uma máquina que, embora dotada de algoritmos impressionantes, não compreende a essência humana?

E, no entanto, a vastidão de possibilidades terapêuticas que a IA oferece também traz consigo um peso: a regulamentação. Como garantir que essas tecnologias, tão poderosas quanto vulneráveis, estejam sendo monitoradas e conduzidas por padrões éticos robustos? A dependência emocional da IA, que se torna quase imperceptível à medida que nos entregamos a essas interações digitais, é uma sombra que paira sobre esse cenário. Estamos criando uma geração que se acostuma a buscar alívio em respostas programadas, em vez de na complexidade e no acolhimento genuíno dos outros. A IA, ao tentar curar a dor, pode estar, paradoxalmente, tornando-nos ainda mais solitários.

Das discussões sobre IA indo de cinema/arte até saúde, é inegável que em todas as idas e vindas do assunto sobre a tecnologia, é sempre correto se policiar sobre as éticas envolvidas em cada processo. É importante, em qualquer profissional, se orientar enquanto ao uso da ferramenta.

E essa é a grande questão que precisa ser respondida: até onde a inteligência artificial pode ir quando se trata de cuidar da alma humana? Estamos realmente preparados para deixar que algoritmos definam o que sentimos? Ou a IA, por mais sofisticada que seja, está apenas oferecendo um paliativo para uma questão que, na verdade, exige humanidade?

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